Com a aproximação do carnaval, a luz amarela foi acesa neste domingo no gabinete do governador da Bahia, Jaques Wagner (PT). O deslocamento de efetivos da PM para a capital baiana, pelo planejamento inicial, terá de começar no dia 14. Para garantir a segurança dos foliões, será necessário todo o efetivo de 32 mil homens da polícia baiana, mas parte dele está em greve desde quarta-feira da semana passada (1º).
Preocupado, Wagner garantiu que a segurança "da maior festa do mundo" está garantida. Para isso, diz contar com dois aliados: o orgulho do policial baiano, que conseguiu manter os seis quilômetros de rotas dos trios, sem registrar um único homicídio nos últimos quatro anos, e a gratificação prevista para quem trabalhar no carnaval, descrita pelo governador como "quase um 14º salário".
Wagner, que passou a manhã reunido com os principais assessores na sede do governo, a poucos metros da Assembleia Legislativa baiana ocupada, que vem servindo como quartel-general para os grevistas, disse que a segurança do carnaval baiano é "a maior operação militar fora do tempo de guerra", razão pela qual o governo vai investir R$ 30 milhões nela.
Ele disse confiar plenamente em que os profissionais da polícia não se negarão a atender ao chamado nesse momento. Muitos, lotados no interior, terão que se deslocar-se para a capital a partir do dia 14.
O governador acrescentou que uma cartilha, arrecadada pelo serviço de inteligência da polícia baiana, comprova que os líderes da paralisação estão envolvidos nos atos de violência, sabotagem e vandalismo que atingiram toda a cidade e a Região Metropolitana logo após o início da greve. Wagner afirmou que a cartilha é nacional e que verificou-se ser ela também seguida por movimentos de outros estados:
"O passo a passo está lá, exatamente como aconteceu aqui. Morte de um morador de rua, incêndio de ônibus e outros episódios que ocorreram aqui não têm nada a ver com a criminalidade verificada no dia a dia. No Ceará, foi igual".
O governador garantiu ainda que está disposto a retomar o diálogo, mas estabeleceu como condição a volta à normalidade. Disse que também não abre mão de punir os responsáveis pelos ataques, razão pela qual voltou a descartar qualquer possibilidade de conceder anistia.
"Quero separar a PM de um pedaço que é formado por marginais. O que está liderando aqui é bandido. Botar criança", questionou, referindo-se à presença de mulheres e filhos dos grevistas no acampamento da Assembleia Legislativa.
O governador afirmou que considerou estranho que o comando da greve tenha listado a anistia como primeiro item da pauta de reivindicações, protocolada na sede do governo no dia em que a greve começou. A seu ver, os líderes pareciam querer um salvo-conduto para a escalada de ataques que começaria em seguida, na quinta-feira. "Não estamos saindo de uma ditadura militar ou de uma guerra para discutir anistia", acrescentou.
Wagner disse que não vê como atender às reivindicações salariais, uma vez que afirma já ter concedido em janeiro 65% de reajuste para todo o funcionalismo estadual. O governador também argumentou que está reequipando a Polícia Militar, com a troca do armamento variado, inclusive de revólveres de calibre 36 para pistolas .40, e a compra de 2.800 viaturas. Segundo ele, a PM teve um ganho salarial de quase 30% acima da inflação e não está agora "no momento de pedir mais aumento".