| Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo

Os aromas da erva-cidreira, do manjericão e do alecrim se espalham rapidamente pelo corredor e anunciam mais um dia de “Jardins Imaginários” no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Ao ensinar jardinagem às crianças, a oficina possibilita que os pequenos pacientes tenham um contato terapêutico com a terra enquanto enfrentam as restrições do ambiente hospitalar.

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Quem faz a “mágica” é Ademar Brasileiro – o “Mago Jardineiro”. De acordo com ele, o objetivo da oficina é mostrar às crianças que a natureza está em toda parte, ao alcance deles. Para estimular a curiosidade, o jardineiro aposta na variedade de espécies a cada oficina e incentiva que os pequenos manuseiem folhas e sementes, sintam as texturas, os cheiros, percebam as cores e os formatos de flores, ervas, verduras e legumes.

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“A ideia é estimular o contato com a natureza, ensinar de onde vem o que elas colocam no prato, de onde vem o que dá sabor às comidas de que mais gostam e, principalmente, mostrar que elas podem cuidar de uma planta e produzir o próprio alimento, ainda que seja um temperinho em um vaso.”

Bálsamo para a rotina hospitalar

Yasmin e Anne participam da oficina 

Para Anne Ramin da Silva, mãe de Yasmin, de quatro anos, as horas de distração são um bálsamo em meio a uma rotina hospitalar desgastante. A menina está internada há uma semana e, enquanto não recebe alta, é assídua das oficinas oferecidas pelo Pequeno Príncipe.

“As pessoas não imaginam o que é ficar no hospital dias a fio. As crianças pedem para ir embora. Elas precisam ocupar a mente”, disse Anne, com as mãos sujas de terra.

Já Amanda Pimentel, mãe de Pedro, 10 anos, conta que o filho insiste que ela “marque” lugar para ele em todas as oficinas possíveis. “Ele não gosta de ficar no quarto de jeito nenhum. Não tem essa de ficar assistindo TV ou mexendo no celular, não. Ele quer conversar com outras crianças e se mexer.”

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Pedro atento às orientações passadas na oficina 

Na oficina de jardinagem, Pedro era todo interesse por temperos e ervas e não dispensou nada que cheirasse bem e pudesse dar gosto à comida – do alecrim ao manjericão, passando pela arruda, cebolinha e salsinha, o garoto cheirava, apalpava e enterrava as mudas com gosto em seus vasos. O objetivo agora é aprender a cultivar louro para o feijão que, contou, pretende cozinhar com a mãe quando retornar para casa.

Pequenos universos

Elza Carneiro, idealizadora do projeto, explica que desenvolveu a ideia inspirada na relação estabelecida pelo Pequeno Príncipe, personagem clássico do livro de Antoine de Saint-Exupéry, com universos imaginários e a rosa.

“O Pequeno Príncipe fala dessa relação com universos imaginários e com a natureza; da relação com a terra e da energia que se dispensa com o cuidado de uma outra vida. A oficina quer resgatar essa relação e falar sobre a necessidade de se cuidar dos nossos pequenos universos particulares”, explica.

Além disso, acrescenta Elza, a jardinagem é também uma válvula de escape para os pequenos, que podem se distrair um pouco das regras de um ambiente hospitalar esterilizado para sujar as mãos de terra e brincar com outras crianças.

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Jardins Imaginários - o livro

As oficinas de jardinagem do Hospital Pequeno Príncipe são parte de um projeto maior, chamado “Jardins Imaginários”. Patrocinado pela ExxonMobil e inscrito na Lei Rouanet de incentivo à cultura, o projeto prevê o lançamento de um livro de colorir. A edição trilíngue – português, inglês e francês – será ilustrada com Jardins Imaginários famosos. A venda dos exemplares será revertida para o hospital.