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Espancamento e morte de cliente em supermercado: tudo o que se sabe até agora em 7 pontos

Imagens mostram João Alberto sendo espancado por seguranças na loja do Carrefour em Porto Alegre: morto por asfixia.
Imagens mostram João Alberto sendo espancado por seguranças na loja do Carrefour em Porto Alegre: morto por asfixia. (Foto: Reprodução)

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A morte de João Alberto Freitas, homem negro de 40 anos, em uma loja do supermercado Carrefour, em Porto Alegre, na última quinta-feira (19) – véspera do Dia da Consciência Negra –, desencadeou protestos por todo o país e repercutiu até fora do Brasil. Na capital gaúcha, em São Paulo, Brasília, Curitiba e no Rio de Janeiro manifestantes protestaram — em alguns casos com violência — cobrando justiça pelo assassinato de Beto, como era conhecida a vítima.

Veja, em 7 pontos, tudo o que você precisa saber para entender o caso:

1. Como João Alberto morreu?

Imagens das câmeras de segurança da loja do Carrefour em Porto Alegre, obtidas pelo Fantástico, da TV Globo, mostram que ele foi espancado por dois seguranças do supermercado durante pelo menos quatro minutos. Depois do início das agressões, um terceiro funcionário da loja participou das agressões.

Nesse tempo, a vítima foi agredida com socos na cabeça e no abdômen. Depois, um dos seguranças sufocou Beto com o joelho, até que a vítima parou de se mexer. Laudo médico de posse da Polícia Civil aponta que a causa da morte foi asfixia.

2. O que desencadeou as agressões?

Antes do espancamento, segundo a polícia, João Alberto havia se desentendido com uma funcionária do supermercado no interior da loja, enquanto fazia compras com a mulher, Milena Borges Alves. A funcionária, então, chamou os seguranças, e ele foi conduzido para fora do supermercado.

Na saída para o estacionamento, a vítima desferiu um soco contra um dos seguranças. A partir disso, os dois funcionários começaram a agredir Beto com chutes e socos e, então, o imobilizaram. Foi com a vítima já no chão que os seguranças desferiram socos em sua cabeça e no abdômen.

3. Quem são os seguranças que agrediram o homem até a morte?

Os dois seguranças envolvidos no assassinato são Giovane Gaspar da Silva, de 24 anos; e Magno Braz Borges, de 30 anos. Giovani era policial militar temporário e, segundo a Polícia Federal, não tinha registro nacional para atuar como segurança.

Os dois são funcionários de uma empresa terceirizada, a Vector Segurança.

4. Havia outras pessoas presentes no momento do espancamento de João Alberto?

Imagens obtidas pelo jornal Folha de S. Paulo mostram que o espancamento foi testemunhado por pelo menos 15 pessoas – entre elas outros funcionários do supermercado. Um homem que estava no local tentou ajudar a vítima, mas a fiscal da loja Adriana Alves Dutra o afastou e chamou mais dois seguranças.

Em outro trecho, Adriana aparece intimidando pessoas que filmavam a ação. “Não faz isso [filmar] que eu vou te queimar na loja”, afirma a fiscal a uma das testemunhas.

As imagens mostram, ainda, que a mulher de Beto, Milena, tentou impedir as agressões, mas foi afastada por três homens uniformizados.

5. O que aconteceu com os dois seguranças responsáveis pelo espancamento?

Giovane Gaspar da Silva e Magno Braz Borges foram presos em flagrante. Na sexta (20), eles tiveram a prisão preventiva decretada. Os dois também foram demitidos por justa causa.

Segundo a delegada responsável pelo caso, Roberta Bertoldo, a Polícia Civil trabalha para identificar outras pessoas que possam ter contribuído para o crime, até mesmo por omissão.

"Jamais se justificaria qualquer tipo de desentendimento, seja ele qual for, para que levasse a efeito tamanha violência como a que ocorreu durante está ação, desses seguranças, nesse supermercado", afirmou Bertoldo. A Polícia Civil não trata a caso como um episódio de racismo.

6. O que o Carrefour e a empresa de segurança disseram sobre o caso?

Na sexta-feira (20), quando o caso veio à tona, o Carrefour e a empresa de segurança Vector divulgaram notas à imprensa lamentando a morte de Beto Freitas. Veja os dois posicionamentos:

Nota do Carrefour:

O Carrefour informa que adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso. Também romperá o contrato com a empresa que responde pelos seguranças que cometeram a agressão. O funcionário que estava no comando da loja no momento do incidente será desligado. Em respeito à vítima, a loja será fechada. Entraremos em contato com a família do senhor João Alberto para dar o suporte necessário.

O Carrefour lamenta profundamente o caso. Ao tomar conhecimento deste inexplicável episódio, iniciamos uma rigorosa apuração interna e, imediatamente, tomamos as providências cabíveis para que os responsáveis sejam punidos legalmente. Para nós, nenhum tipo de violência e intolerância é admissível, e não aceitamos que situações como estas aconteçam. Estamos profundamente consternados com tudo que aconteceu e acompanharemos os desdobramentos do caso, oferecendo todo suporte para as autoridades locais.

Nota da Vector:

O Grupo Vector, através de seu advogado, vem a público informar que lamenta profundamente os fatos ocorridos na noite de 19/11/2020, se sensibiliza com os familiares da vítima e não tolera nenhum tipo de violência, especialmente as decorrentes de intolerância e discriminação.

Informa que todos seus colaboradores recebem treinamento adequado inerente as suas atividades, especialmente quanto à prática do respeito às diversidades, dignidade humana, garantias legais, liberdade de pensamento, ideologia política, bem como à diversidade racial e étnica.

A empresa já iniciou os procedimentos para apuração interna acerca dos fatos e tomará as medidas cabíveis, estando à disposição das autoridades e colaborando com as investigações para apuração da verdade.

7. Quem era João Alberto?

João Alberto Freitas era negro, tinha 40 anos, quatro filhos e uma neta. O relacionamento com Milena era seu segundo casamento. Antes disso, ele havia se relacionado com Marilene Santos Manuel, com quem teve três filhos.

O casamento terminou após quase 20 anos, e teve episódios de violência doméstica. Pelas agressões à companheira, João Alberto foi preso duas vezes, enquadrado na Lei Maria da Penha.

O corpo de Beto foi enterrado na manhã de sábado (21), em Porto Alegre.

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