Curitiba O advogado Roberto Sobral que defende os controladores de tráfego aéreo acusados de responsabilidade no acidente que causou a queda do Boeing da Gol em 29 de setembro do ano passado diz que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai receber amanhã um relatório sobre a situação do controle do tráfego aéreo no Brasil. Segundo o advogado, a categoria se comprometeu a produzir essas informações porque ainda há "riscos efetivos" para quem voa no Brasil.
Sobral afirma que os problemas graves que vieram à tona depois do acidente com o Boeing da Gol não foram resolvidos e que estas informações vêm sendo sonegadas ao novo ministro da Defesa. Ele conta que o relatório dos controladores vai mostrar que persistem os problemas com equipamentos, softwares e, principalmente, com a gestão de pessoal. Segundo ele, tudo foi confirmado por uma perícia internacional. Além disso, os principais juristas do país teriam preparado pareceres sobre o necessário processo de desmilitarização do controle do tráfego aéreo no Brasil.
"Nós estamos na contramão", critica Sobral, referindo-se a manutenção da tarefa nas mãos dos militares. Para ele, "gestão não combina com o regime militar" e por isso é preciso entregar o controle do tráfego aéreo para civis. "É assim em praticamente todo o mundo", completa o advogado.
Inocência
Sobre as acusações contra os controladores Jomarcelo Fernandes dos Santos, Felipe Santos dos Reis, Lucivando Tibúrcio de Alencar e José Santos de Barros, o advogado acredita que nenhum deles será condenado. "Existe um conjunto de provas que demonstra que o desligamento do transponder (do jato Legacy) foi definitivo. Se não existisse qualquer tipo de controle aéreo, mas o transponder estivesse ligado, não aconteceria nada", afirma Sobral.
Dos quatro controladores acusados, somente Jomarcelo teria agido com dolo eventual ocorre quando a pessoa toma uma decisão mesmo sabendo que ela pode resultar em danos e não somente de forma culposa, segundo a Justiça. No seu depoimento, no dia 28 de agosto, ele não se pronunciou. "Havia uma intranqüilidade da acusação e por isso determinamos que ele não falasse", explica o advogado.
Choro e desmaios
A presidente da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Vôo 1907, Angelita De Marchi, diz que as famílias também acreditam na inocência dos controladores de tráfego aéreo. O advogado Roberto Sobral chega a afirmar que eles agiram como heróis. Segundo ele, nos momentos que se seguiram após a colisão do Boeing com o Legacy, "houve choro e desmaios" na sala de controle do tráfego aéreo, no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta-1), em Brasília. Mesmo assim, eles continuaram trabalhando.
Passado um ano, pouco se sabe da situação dos quatro controladores acusados. Sobral diz que alguns estão trabalhando e outros estão afastados, mas ele não informa a situação de cada um. Apenas afirma que eles se sentiram traídos e abandonados pelos seus chefes.
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