Aos 85 anos, o militar reformado da Força Aérea Brasileira (FAB) Joel Joaquim de Almeida tem muito do que se orgulhar. Está entre os idosos que buscaram uma formação universitária e querem uma nova oportunidade no mercado de trabalho para fazer a diferença.
Na última quinta-feira, recebeu o diploma do curso de Fisioterapia, na Faculdade Dom Bosco, depois de 15 anos de estudo e percalços que o afastaram das salas de aula. Mas para o carioca de nascimento e paranaense de coração, o tempo não importa. "Agora, é hora de cumprir minha missão e ajudar os outros."
Para alcançar seu sonho, todos os dias, Almeida acordava as 5h30 e pegava o primeiro ônibus em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, que o levasse para a faculdade. Nunca gostou de ir de carro. Quando retornava, ia direto para o escritório estudar. Passava as noites escrevendo resumos. A esposa, Nilce Mara, lembra bem das escapadas. "Quantas vezes o encontrei na madrugada entocado nesse escritório queimando as pestanas", ri a companheira dos últimos 36 anos.
Emoção
O tom da história é dado com o leve sotaque carioca e o brilho no olho ao lembrar uma parte tão especial de sua trajetória. Em 2011 bem no dia do aniversário de 81 anos sofreu um infarto, que o deixou com 33% da capacidade do coração. Nesse período, a filha Adriana, 31 anos, foi seu braço direito. Foi a caçula que fez o papel de vai-e-vem de entrega de trabalhos e busca de conteúdos.
"Nunca quis ser rico. Só quero fazer a vontade de Deus em ajudar as pessoas", diz. "Qual seu desejo, menino?" paira a pergunta no ar. Atender os quatro pacientes que mantém e quem sabe um novo curso universitário. "Talvez Direito".