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Mobilidade urbana

Jornadas diferentes melhoram tráfego

Tráfego fica mais intenso no início e fim do horário comercial; especialistas sugerem mudanças | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Tráfego fica mais intenso no início e fim do horário comercial; especialistas sugerem mudanças (Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo)

Os picos de tráfego nas cidades coincidem com horários escolares e comerciais. É comum ver filas de carros próximo a escolas nos minutos que antecedem o início das aulas, assim como há mais demanda por transporte público antes e depois do horário comercial.

O engenheiro civil e sociólogo Eduardo Alcântara de Vasconcellos, assessor técnico da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), lembra que o desenvolvimento das cidades brasileiras, com expansão descontrolada das cidades e o aumento do consumo de energia, resultou na atual situação. "Antigamente, o transporte individual não era só status, era necessidade face ao transporte público horrível", diz.

Essa necessidade se refletiu no mundo corporativo, que atua como um polo gerador de tráfego. "Em algumas cidades, você faz escalonamento de horários. Por que todo mundo tem que sair a mesma hora pra ir para o trabalho, a faculdade? Cidades que mudaram em meia hora o horário de algumas atividades conseguiram escalonar melhor o transporte público", pondera Lélis Teixeira, presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor).

Para ele, há muito investimento em estrutura, pouco diálogo com a sociedade.

Na opinião da diretora executiva do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento no Brasil (ITDP, na sigla em inglês), Clarisse Linke, as ações empresariais estratégicas são tomadas para lidar com problemas privados, mas precisam dialogar com o setor público. "As empresas poderiam ser responsabilizadas pela consequência de suas ações", diz. Para Clarisse, as empresas devem pensar na estrutura que oferecem aos funcionários, na flexibilidade dos horários, na logística de toda a sua cadeia e no seu papel dentro da cidade.

Clarisse cita como exemplo um empreendimento em construção no Aterro do Flamengo, com 400 vagas de estacionamento e a cem metros de uma estação de metrô. "Garantir vagas de carros para funcionários cria incentivos para que eles continuem se deslocando de carro, sem internalizar custos", diz.

Investir em mudança de hábitos funciona

Um projeto piloto realizado em São Paulo, fruto de uma parceria entre o Banco Mundial e o Instituto de Recursos Mundiais (WRI, na sigla em inglês), propôs reduzir a demanda por carro nas viagens realizadas até um centro comercial.

O projeto envolveu dez empresas, que contavam com aproximadamente 1,5 mil funcionários. A consultoria descobriu que cada um gastava em média 52,8 minutos para se deslocar até o trabalho e que muitos estavam dispostos a adotar outros meios de transporte, mas que não havia estrutura ou incentivo para isso.

Foram recomendadas diversas soluções como home-office em alguns dias da semana e melhorar ia nos espaços para bicicleta e vestiário. Cada empresa escolheu uma e houve resultados: redução de 40% no número de viagens.

Para o sucesso do projeto, foram fundamentais os incentivos. Algumas empresas decidiram pagar o vale-transporte sem qualquer desconto da folha, e outras remuneraram a não ocupação da vaga de estacionamento como estímulo.

A repórter viajou a convite da Fetranspor

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