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Paulo Tonet, atual presidente da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), considera que a situação de jornais e radiodifusores na Nicarágua, Venezuela, Cuba e Costa Rica é alarmante. Preocupados com a liberdade de imprensa nestes países, a AIR promoverá, no próximo sábado (4), um seminário para tratar sobre o tema em Santiago, no Chile. O evento, que está relacionado ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, será transmitido pelo YouTube às 9h30 (horário de Brasília).
“Vamos expor os problemas dos países nas Américas que estão vivendo hoje, alguma forma de restrição à liberdade de expressão, começando pela Nicarágua, onde o assunto é muito sério, já que a maioria dos radiodifusores e dos publishers dos jornais estão no exílio”, afirmou Tonet à Gazeta do Povo. Um recente relatório publicado por uma ONG apontou que 253 jornalistas fugiram da Nicarágua desde 2018.
Para o presidente da AIR, além de Venezuela e Cuba, os problemas de liberdade de imprensa na Costa Rica também são graves. “Hoje, na Costa há uma ameaça do governo de retirar do ar todas as concessões de radiodifusão. Nós vamos discutir isso aqui”, acrescenta.
Regulação das plataformas digitais também deve ser tratado durante o evento
“Nós vamos discutir também sobre as possíveis regulações das plataformas digitais, no que diz respeito à remuneração do conteúdo jornalístico, ao tema da responsabilidade sobre a distribuição do conteúdo e também à obediência de regras de publicidade”. Na prática, as redes sociais teriam finalidades semelhantes às emissoras de televisão e rádio, mas com regras diferentes. Para Tonet, isso gera uma concorrência desleal e prejuízos aos veículos de comunicação.
“As plataformas estão hoje se valendo do mesmo mercado publicitário que os veículos de comunicação sem nenhuma regra sobre publicidade, por exemplo, não tem nenhuma responsabilidade sobre os conteúdos que distribuem monetizando efetivamente”, ressalta. Ele explica que as plataformas recebem tanto para impulsionar conteúdos quanto na venda de publicidade em cima do conteúdo impulsionado.
O presidente da AIR deixa claro que regulamentar essas questões não implica em interferência do que será publicado, mas que deve gerar responsabilidade às plataformas. “Isso não tem nada a ver com interferência com o conteúdo. A liberdade de expressão e de imprensa é algo inegociável. Mas da mesma forma que se tem o direito de escrever e de dizer o que nós queremos, deve haver responsabilidade sobre o que escrevemos e o que distribuímos. Como acontece em todos os jornais, em todas as rádios, televisões”, explica.