Jornal e educação: aprendizado para a vida

Foi por perceber as possibilidades de trabalhar interdisciplinaridade com o jornal que, no ano passado, a Escola Municipal Devanira Ferreira Alves, de Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, mobilizou 23 educadores e 350 alunos no desenvolvimento de ações que aliassem a leitura do periódico com o estudo das diferentes disciplinas. Apadrinhados pelo HSBC, recebem edições diárias da Gazeta do Povo para serem trabalhadas em sala.

Foram dezenas de atividades aplicadas com as turmas do 1º ao 5º ano dos períodos da manhã e tarde. A partir da leitura das notícias, temas das grades curriculares puderam ser explorados de maneira lúdica e reflexiva.

Ao lerem uma reportagem sobre o macuco, por exemplo, ave da Mata Atlântica cujo ovo é azul, alunos do 1º ano conheceram mais sobre a espécie e representaram o animal, o ninho e os ovos em massinha, desenvolvendo imaginação e habilidades artísticas. Língua Portuguesa e oralidade também foram estimulas ao trabalharem as palavras da matéria e defenderem verbalmente suas criações. Na Matemática, números, quantidade e formas também ganharam explicações práticas.

Com os estudantes do 4º e 5º ano, as abordagens foram mais críticas. Após lerem uma série de matérias sobre incidentes com fiações elétricas e mortes de crianças e jovens ao tentarem resgatar pipas em fios de alta tensão, a turma entrou em contato com a Copel para esclarecer dúvidas sobre o tema. A instituição promoveu uma palestra com orientações de cuidados importantes a serem tomados e distribuiu cartilhas informativas às crianças.

Em outra oportunidade, estudantes 2º ano encontraram um texto sobre borboletas no blog Giro Sustentável. O assunto chamou a atenção de imediato e rendeu, além de condições para trabalhar diferentes disciplinas, reflexões que, certamente os pequenos levarão para a vida. Eloize Ferreira, professora que conduziu as atividades, conta que a moral da história incentivou a confiança das crianças. “O texto falava de duas lagartas que estavam para sair do casulo, mas uma tinha medo. Encontrava desculpas para não enfrentar a vida de borboleta e acabava morrendo enclausurada. A história foi importante porque ficou claro que precisamos ter coragem ao enfrentar desafios e correr riscos para aprender, crescer e amadurecer”, conta.

Estreitamento dos vínculos familiares

A Escola Devanira Ferreira Alves também trabalha a Sacola da Leitura. Semanalmente, os estudantes se revezam para levar as edições do jornal para casa. Leem as notícias com a família e preenchem um questionário sobre o assunto que mais chamou atenção. “Um dos alunos contou que os pais não costumavam ver as notícias do dia e que, depois da nossa ação, passaram a se informar. O momento da leitura estreitou os vínculos familiares”, defende Jucele Andreata, professora da escola que, no ano passado, ocupou a função de coordenadora pedagógica.