Defesa
"Nenhum dado foi validado", afirma BEA
Nada permite concluir que o voo AF-447 caiu em razão de falha humana. O recado, curto e enfático, foi dado ontem, em Paris, pelo BEA, escritório francês que investiga as causas do acidente. A afirmação visava desmentir as informações do jornal Le Figaro. A Airbus também desmentiu a informação.
A grande repercussão da notícia obrigou o BEA a se manifestar ainda na manhã de ontem, via comunicado. À tarde, a porta-voz do escritório, Martine Del Bono, demonstrou irritação ao se referir às supostas revelações do jornal francês. "Estamos todos chocados no BEA. Não é algo sério."
Segundo ela, das duas caixas-pretas foram extraídos 1,3 mil parâmetros técnicos e duas horas de sons da cabine e de diálogos entre os pilotos da aeronave. "Temos milhares de dados para cruzar com outras informações que já apuramos. Isso não se faz em 24 horas. Talvez em um mês e meio eu consiga prever uma data para um relatório de etapa, parcial. Estamos só no início. Não validamos nada."
A análise das caixas-pretas do voo 447 da Air France, que caiu no Oceano Atlântico quando fazia a rota Rio de Janeiro-Paris e matou 228 pessoas há quase dois anos, aponta para um erro dos pilotos como motivo do acidente. É o que revelou ontem o site do jornal francês Le Figaro.A informação, não confirmada pelos investigadores, foi publicada um dia depois de ter sido confirmado que os dados recolhidos nas caixas-pretas estavam em bom estado, apesar das condições nas quais o equipamento esteve desde o acidente, a 3,9 mil metros de profundidade.
Segundo o Le Figaro, os dados analisados no fim de semana retiram a culpa da Airbus, fabricante do A330 que caiu e um dos processados por homicídio culposo na investigação judicial aberta na França.
Apuração
Os especialistas do Escritório de Investigação e Análise (BEA, na sigla em francês), encarregado das investigações, trabalham agora para determinar se o erro dos pilotos é puramente humano ou se envolve também o sistema de segurança da Air France, proprietária do avião, a outra acusada, acrescenta o diário.
Para isso, o órgão dispõe das informações recolhidas nas duas caixas-pretas, que chegaram a Paris na última quinta-feira após serem localizadas e resgatadas do fundo do mar. Graças a essas informações, os investigadores esperam reconstituir o que ocorreu na madrugada de 31 de maio de 2009, quando o avião caiu no Oceano Atlântico.
Segundo o Le Figaro, o BEA deve divulgar elementos sobre a investigação em breve, embora o próximo relatório provisório só esteja previsto para junho ou julho. O último relatório, publicado em dezembro de 2009, muito antes da descoberta das caixas-pretas, apontava como causa do acidente uma falha nas sondas de medição de velocidade, que teriam congelado. Na época, o BEA advertiu que as conclusões não eram definitivas e pediu prudência.
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