Um jovem de 27 anos foi assassinado em um condomínio de alto padrão na madrugada desta terça-feira (29) no bairro Bacacheri, em Curitiba. Segundo a Polícia Militar, o rapaz, identificado como Guilherme Toniolo, morreu após ser atingido por dois golpes de faca: um no tórax e outro no pescoço.
O caso foi registrado por volta das 5h30, na Avenida Nossa Senhora da Luz. A PM informou ainda que um jovem de 18 anos foi detido no apartamento como suspeito do crime e encaminhado ao 5.º Distrito Policial (DP) da capital.
O crime ocorreu na casa do suspeito. O pai do adolescente detido, conta que estavam ele, o pai da vítima e os jovens no apartamento na hora da ocorrência. Por volta das 5 horas, ele acordou por causa dos gritos dos rapazes e, quando saiu do quarto, o filho já tinha esfaqueado Toniolo.
Segundo o pai, os dois rapazes tinham tomado cerveja e inalado odorizador de ar, o que, de acordo com ele, teria causado efeitos alucinógenos em ambos. "O que aconteceu não foram eles. Foi o alucinógeno", declarou. Ele disse ainda que Toniolo e o acusado eram amigos, inclusive frequentavam a mesma igreja, e que as famílias dos dois rapazes se conhecem há muito tempo.
Por sua vez, o delegado do 5.° DP, Rogério Martin, relata que no momento da confusão quem estava no apartamento eram os dois jovens, o pai do adolescente suspeito de matar o amigo e um conhecido dele, Sidney Grossko. Como eram amigos, eles se reuniram na noite desta segunda-feira (28) para um jantar, e decidiram todos dormir no condomínio.
Eles teriam acordado por volta das 5 horas com os gritos vindos da cozinha da residência. Quando presenciaram a situação, o pai de acusado o levou para o banheiro, enquanto Grossko segurava a vítima. "O Sidney chegou a ir com o Guilherme para o sofá da sala e foi a própria vítima que pediu que um médico fosse chamado."
O Siate foi acionado, mas quando a equipe chegou, o jovem esfaqueado já tinha morrido. A briga, conforme Martin, teria sido motivada por provocações que os jovens tinham realizado minutos antes.
"Conta-se que os envolvidos tinham feito uso de substâncias entorpecentes. Menciona-se, inclusive, que eles tinham inalado odorizador de ar, desodorante, tomado cerveja durante muito tempo e, depois, começaram a fazer provocações mútuas", conta o delegado. "Sabe-se que o uso desse odorizador pode ter, eventualmente, efeito entorpecente, mas em 20 anos de trabalho na Polícia Civil, essa é a primeira vez que trato de um caso assim", afirmou Martin.
Apesar dos relatos, o delegado informou que só vai ser possível concluir se os jovens usaram substâncias entorpecentes após a divulgação do laudo dos exames a serem realizados no corpo da vítima. O acusadotambém foi submetido a exame toxicológico.
Já o pai do jovem assassinado, Marcos Toniolo, de 61 anos, disse que os meninos não eram acostumados a fazer uso de bebidas alcoólicas e considerou o caso como uma fatalidade. "Não tenho nenhum sentimento negativo. Poderia ter sido ao contrário. Foi uma fatalidade", declarou
O responsável pelas investigações informou ainda que o suspeito foi levado para a delegacia, por volta das 10 horas, onde prestou depoimento com duração de cerca de uma hora e meia durante a tarde desta terça-feira. "Ele estava bastante nervoso, chorou muito durante o depoimento e com toda certeza estava alterado, seja pelo álcool ou pelos outros produtos que consumiu. Ele disse que tem consciência do que fez, mas não sabe por que começaram a discutir e não lembra do que aconteceu do período em que chegaram na cozinha até o momento em que estava no banheiro com o pai", afirmou o delegado. Martin acredita que nos próximos dias o autor pode recobrar a memória e dar mais informações sobre os acontecimentos.
Durante o dia chegou a ser levantada a hipótese de que os dois rapazes estavam assistindo a um filme de serial killer quando Toniolo desafiou o acusado a matá-lo, mas essa informação foi contestada por Martin de acordo com os depoimentos. "Segundo o relato do autor, ele e o Guilherme teriam comprado bebida alcoólica em um posto de combustíveis da região e estavam na sacada do apartamento quando começaram a discutir, antes de irem para a cozinha. Não estavam assistindo filme nenhum", apontou o responsável pelo caso.
A suposição de que os dois jovens teriam um relacionamento amoroso e o crime seria, portanto, passional também foi descartada pelo delegado com base nos depoimentos prestados nesta tarde. O 5.º DP tem o prazo de dez dias para ouvir amigos, vizinhos e outras pessoas que conheciam os rapazes e concluir o inquérito. "Nós temos a vítima, a arma do crime e o autor, só precisamos agora da motivação. De qualquer maneira o jovem será indiciado por homicídio simples", explicou Martin.
Especialista desconhece fator alucinógeno em purificador de ar
Um dos elementos do caso do jovem que foi assassinado pelo amigo nesta madrugada é um odorizador de ar. O jovem suspeito de matar o amigo afirmou que os dois cheiravam o produto e que ele provocaria alucinações, além de ingerir bebidas alcoólicas.
O médico psiquiatra Dagoberto Hungria Requião afirma que o uso de odorizadores de ar não causa alucinações. De acordo com o ele, especialista em drogadição, é a primeira vez que ele ouve falar que o produto seja alucinógeno. "Se fosse assim, ao passar o produto na sala de casa toda a família teria alucinações", afirma o psiquiatra.
Dagoberto afirma que se os jovens tinham convicção de que o produto causaria alucinações, o efeito pode ter sido psicológico. "O aspecto psicológico é o que pode colorir esse quadro", explica. O psiquiatra alerta ainda para uma tentativa de minimizar pena em caso de condenação. "O uso de um produto alucinógeno pode ser uma artimanha para dizer que ele não era capaz de entender a gravidade do ato que estava cometendo", explica.
Atualização realizada em 10 de maio de 2023: Após a tramitação da ação penal, o jovem acusado do crime foi julgado pelo Tribunal do Júri que concluiu pela desclassificação do crime praticado de homicídio para lesão corporal seguida de morte. Com a desclassificação do crime e a consequente redução da pena imputada, reconheceu-se a prescrição e o processo criminal foi arquivado.
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