Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
levantamento

Jovem negro tem 3,7 vezes mais chances de ser morto no Brasil

Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre racismo no Brasil divulgado nesta quinta-feira, 17, revelou que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que um branco. Pelo levantamento, a expectativa de vida de um homem brasileiro negro é menos que a metade a de um branco.

Os dados mostram que, ao nascer no Brasil, o homem negro perde 1,73 ano de expectativa de vida por causa da violência, enquanto que para o branco esse número cai para 0,71. As informações são baseadas em um dos textos constantes no boletim. No artigo Segurança Pública e Racismo Institucional, os autores Almir de Oliveira Júnior e Verônica Couto de Araújo Lima, respectivamente pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas do Estado das Instituições e da Democracia (Diest) do Instituto e acadêmica da área de Direitos Humanos da Universidade de Brasília (UnB), falam da desigualdade de acesso à segurança entre brancos e negros.

A conclusão é que a cor aumenta a vulnerabilidade dos negros, que correm 8% mais chances de se tornar vítimas de homicídio que um homem branco, ainda que nas mesmas condições de escolaridade e características socioeconômicas. O estudo aponta que, mais de 60 mil pessoas são assassinadas todos os anos no Brasil, e que a cada três pessoas mortas de forma violenta, duas são negras.

A taxa de homicídio de negros é de 36,5 para 100 mil habitantes, com base em dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cruzados com informações do Ministério da Saúde. No caso dos brancos, esse número cai para 15,5. Ao se somar a população residente nos 226 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes, calcula-se que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior em comparação com os brancos.

Ao levar em conta agressões por parte de policiais, os negros também são as vítimas em potencial. Segundo a Pesquisa Nacional de Vitimização, 6,5% dos negros que sofreram uma agressão em 2009, um ano antes de o IBGE coletar os dados que serviram de base para a pesquisa. O Ipea classificou esse comportamento como racismo institucional, mas os pesquisadores acreditam que o comportamento reflete as posições de diversos outros grupos sociais.

Essas diferenças, apontou o Ipea, levam menos negros a buscar ajuda policial em caso de agressão que os brancos. Enquanto apenas 38,2% dos brancos não procuram a polícia nesses casos, esse porcentual sobe para 61,8% quando se trata de negros. As informações vão constar em um mapa do racismo no País, que deverá ser divulgado no próximo mês. O boletim contém ainda seis outros artigos que tratam de temas como segurança pública, pacificação de favelas e manifestações de junho.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.