A jovem de 23 anos que foi baleada e estuprada no Morro do Boi, em Caiobá, diz ter certeza de que o criminoso é o homem que foi preso ontem pela manhã no balneário de Santa Terezinha, município de Pontal do Paraná. Ele teve a prisão preventiva, de 30 dias, decretada ontem pela Justiça. A polícia chegou até esse rapaz, de 32 anos, quando recebeu uma denúncia anônima após a divulgação do retrato falado do assassino.
Ontem no fim da tarde um médico esteve na delegacia para coletar sangue do suspeito. Exames vão revelar se o sangue deste homem bate com o encontrado na camisa achada no morro, que, de acordo com a vítima, foi usada pelo criminoso.
O resultado do exame de sangue do suspeito deve sair hoje. A polícia só deve se pronunciar sobre o caso após o resultado deste e de outros exames, o que pode demorar até dez dias, ou se surgir algum indício da autoria.
A reportagem da Gazeta do Povo apurou com fontes ligadas diretamente à investigação que este suspeito não foi reconhecido por uma das testemunhas-chave ouvidas ontem pela polícia. O suspeito detido foi ouvido por quatro horas na última sexta-feira, e teria alegado inocência. O depoimento foi gravado e a filmagem foi vista pela jovem na segunda-feira. Ao ver as imagens e ouvir a voz do suspeito, conta o pai da vítima, ela reconheceu o assassino e chorou. O pai da jovem diz que não há dúvidas, porque a polícia trabalhou com várias fases de reconhecimento e, em todas elas, a jovem apontou para o mesmo homem. O suspeito teve a prisão decretada para que sejam feitos os exames.
Ontem o suspeito prestou um novo depoimento na presença de duas promotoras de justiça. A oitiva se estendeu por cerca de três horas. Procuradas, as promotoras não quiseram falar sobre o caso. "É uma determinação do secretário da Segurança. Nos pediram para não falar nada porque ainda se trata de uma suspeita", disse uma das promotoras. No entanto, a reportagem apurou que o suspeito contou aos delegados que no dia do crime estava em Pontal do Paraná. Afirmou ainda, segundo as fontes, que não conhece o Morro do Boi e nunca foi para Matinhos.
O suspeito que está detido é solteiro, não tem filhos e é irmão de um policial civil de Curitiba, que estaria ajudando na investigação. O policial falou com exclusividade para a Gazeta do Povo. Ele elogiou o trabalho da polícia, mas tem certeza de que o irmão não é o assassino. "A menina se equivocou. Ele (o irmão) é parecido, mas não é ele. Ele não tem perfil e saúde para isso (cometer o crime)", contou.
O suspeito, pelo que a reportagem apurou com os investigadores, mora no bairro Uberaba e veio para o litoral do Paraná em dezembro para trabalhar. Ele ficaria na praia até depois do carnaval. O homem tem hepatite C e precisa de constantes cuidados médicos para evitar câncer no fígado. Tanto é que ele ficará separado dos demais presos que estão na delegacia de Matinhos. Fontes contaram que o suspeito tem passagem pela polícia por envolvimento com drogas.
A casa
A reportagem esteve ontem na casa onde o suspeito estava hospedado. É um sobrado alugado de três quartos, sala, cozinha e banheiro que fica na avenida principal do balneário de Santa Terezinha cerca de uns 20 km do local do crime. Dentro do imóvel percebe-se a ação da polícia, que vistoriou até o forro da casa atrás de pistas do assassino principalmente a arma calibre 38 usada no crime. Os investigadores contaram, no entanto, que a arma não foi achada.
Alguns moradores e comerciantes disseram, pedindo para não ter os nomes divulgados, que não acreditam que o homem detido é o assassino. "Ele era calmo e mesmo depois do crime parecia uma pessoa normal. Não se abalou com a repercussão. Só se é um assassino muito frio", disse um morador. Um rapaz que dividia a casa com o suspeito também acha que não é o criminoso. "Ele é muito parecido, mas acho que não é ele não". Este colega diz que o rapaz falava pouco e que o conhece há apenas duas semanas. "Ele saía cedo para trabalhar e voltava tarde", resume.
Saúde
A jovem permanece internada em um quarto no Hospital Vita, com um quadro estável de saúde. O pai disse novamente que ela mexeu devagar a ponta de um dos dedos do pé. "Acreditamos que ainda é reflexo dos movimentos, que não quer dizer que a medula está reagindo. Mas não perdemos as esperanças", disse.
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