Três adolescentes suspeitos de obrigar uma garota surda de 15 anos a manter relações sexuais com eles podem passar os próximos três anos internados num educandário de Curitiba. Eles são acusados pela mãe da menina. Segundo laudo do Instituto Médico Legal (IML), a garota perdeu a virgindade com eles (à força).
Os adolescentes participaram ontem de uma audiência na Vara do Adolescente Infrator, no Tarumã, no Centro de Atendimento ao Adolescente Infrator (Ciaadi). Eles foram apreendidos no fim do mês passado pelo prazo de 45 dias. A advogado deles entrou com pedido de habeas-corpus no Tribunal de Justiça.
Tudo teria acontecido porque a garota teria aceito convite para fazer um lanche no apartamento da família de um dos adolescentes, que mora perto da escola, num bairro nobre de Curitiba. No apartamento, Marcos, 14 anos, Valter, 14 anos, e Pedro, 15 anos (todos nomes fictícios) teriam cometido o abuso, no dia 2 de dezembro.
A menina ficou sozinha com os adolescentes por cerca de três horas. A família dela desconfiou que havia algo errado quando descobriram que ela desapareceu da escola onde freqüentava período integral. "A minha filha não queria falar nada. Ela voltou com o cabelo molhado e disse que não queria responder, que tinha contado tudo para a pedagoga, que é tia de um dos meninos. A pedagoga também não falou nada para mim, tentou esconder a situação", afirma a mãe.
Ela contou que a filha gostava de um dos colegas (Valter) e era muito amiga de outro (Marcos). Já o terceiro, Pedro, era apenas um conhecido da escola. "Levei o caso para a polícia, ao conselho tutelar e a outros órgãos públicos para alertar os pais sobre os riscos que os alunos correm nas escolas, principalmente as crianças especiais", diz a mãe.
Diante da gravidade dos fatos, o Ministério Público Estadual transformou a investigação da Delegacia do Adolescente Infrator e da Delegacia da Mulher numa espécie de ação penal aberta contra adolescente infrator. A representação feita pelo MP relata que os três a levaram para fazer lanche, mas que, ao chegar ao apartamento, passaram a agarrá-la, obrigando-a a manter relações sexuais com os três, na sala e depois no chuveiro. Ela contou para a família que durante o estupro foi segurada por dois para que o terceiro pudesse abusar, havendo depois um rodízio.
De acordo com a mãe, a garota ficou com diversos traumas emocionais, sem contar que foi obrigada a abandonar a escola, onde estudou nos últimos dois anos, por causa das ameaças sofridas. Ela foi promovida para a 7.ª série e seus algozes para o 1.º ano do ensino médio. "Estou procurando outro colégio. Precisamos voltar na escola na semana passada, mas ela entrou em pânico. Achou que tinha visto um deles. Os adolescentes prometeram matá-la caso dissesse algo."
A mãe afirma ainda que outra garota pode ter sofrido abusos dos mesmos adolescentes. "Ela diz que outra menina está na mesma situação. O problema é que eles são parentes de professores e funcionários da escola, que tentam abafar o caso", complementa.
Outro lado
A advogada Márcia Regina Werner, que defende os três adolescentes, não quis comentar o assunto. "Não posso expor o caso. Só o juiz e o promotor podem falar sobre o assunto, porque o caso envolve adolescentes é sigiloso."
Os adolescentes negam o abuso, dizendo que a garota teria concordado com o programa.