Jovens dançam para Jesus em balada sem álcool inaugurada em Ponta Grossa

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“Aqui não tem bebida. Amém!”, diz o mestre de cerimônia, respondido com gritos de euforia dos frequentadores que lotam a pista de dança da Casa Icthus. O espaço alternativo fica em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná, e é considerado a primeira balada católica do país.

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A fila formada em frente ao barzinho é de adolescentes e jovens que consomem drinks sem álcool, água, refrigerante e lanches gourmet da casa noturna. Na mesa de som, os Djs tocam hinos ouvidos nas igrejas que ganham arranjos de pop, rock e sertanejo. Na pista de dança, em vez de danças sensuais e latinhas de cerveja na mão há passinhos que encenam os trechos das canções.

A Casa Icthus pertence à diocese de Ponta Grossa e foi inaugurada na noite de sexta-feira (11) com show do cantor católico Diego Fernandes. Com uma bíblia na mão, shorts e tênis, ele cantou os sucessos decorados pelos frequentadores da casa.

Entre as atrações do clube estão uma sala de bate-papo, que é um espaço reservado para aconselhamentos e confissões, uma sala de oratório e um ponto de venda de livros e CDs de autoajuda.

O casal Sandra Sieben e Adriano Sieben veio de Imbituva, nos Campos Gerais, com a filha Gabrielle, de 14 anos, e o amigo Lenon Freitas, para curtir a balada santa. “Aqui nós dançamos para Jesus”, comenta Sandra.

Segundo o padre Clayton Adriano Delinski, responsável pelo projeto da Casa Icthus, a casa atrai jovens e pessoas de todas as idades.

Na pista de dança, a irmã Fabiana da Conceição Freitas, 29 anos, se divertia com as amigas da congregação Carmelitas Servas da Misericórdia. Elas vieram em uma caravana de 15 irmãs, de Piraí do Sul e de Ponta Grossa, para a balada. Vestidas com o hábito da irmandade, elas pularam, dançaram e conversaram com os visitantes. “Nosso carisma é a misericórdia, portanto, estamos aqui conversando e acolhendo as pessoas”, disse.

Perto delas, estava a evangélica Gerusa de Carvalho, que foi à casa noturna acompanhada do marido católico. “É muito joia, só tocam músicas que falam do amor de Deus, é uma forma de evangelização”, comenta.

De acordo com o padre Clayton, a intenção da casa não é fazer proselitismo para a igreja católica, mas acolher o jovem. A concorrência é grande, pois o clube fica a poucos metros da Avenida München, que concentra duas quadras de bares e casas noturnas convencionais ou ‘do mundo’ como preferem chamar as adolescentes Sarah Kuss, 16 anos, e Maria Eduarda Spicalski, 15 anos. “Nas baladas do mundo têm muitas pessoas bebendo, aqui não, é diferente”, frisa Maria Eduarda. Mesmo na balada santa, as amigas dizem que é possível paquerar. “Acho que dá sim”, diz Sarah, envergonhada.

Icthus significa peixe, em grego, e é o símbolo do cristianismo. O projeto da casa surgiu em 2013, após a visita do Papa Francisco ao Brasil na Jornada Mundial da Juventude (JMJ). O jovem Felipe Passos, que ficou paraplégico após um assalto e falou com o Papa na Jornada, considera que a balada cristã é uma resposta ao chamado do pontífice. “O papa nos chamou a não ter medo de ir às periferias. A Avenida München é um espaço de drogadição, com assassinatos, e a igreja está indo neste lugar. É um desafio para nós, como jovens, irmos a esses lugares”, comenta.

A Casa Icthus funciona de terça-feira a sábado, a partir das 18h, na Rua Bonifácio Vilela, 483. A entrada é franca, com exceção das noites de shows. Todas as terças, às 22h, é celebrada missa.