A Justiça ainda não decidiu se irá soltar Juarez Ferreira Pinto, que continua preso acusado de cometer os crimes no Morro do Boi. O advogado de defesa, Nilton Ribeiro, disse que já entrou com o pedido de revogação da prisão preventiva e tinha a expectativa de ver o cliente solto ainda ontem no final da tarde. "Ele não foi para casa porque faltou tempo para ficar pronto o alvará de soltura", afirmou.
Apesar de Paulo Delci Unfried ter confessado o crime, ele continua sendo apenas um suspeito. Caberá à Justiça decidir se a polícia deve reabrir inquérito para incluí-lo na investigação. Segundo o Ministério Público, a Justiça acatou o pedido feito pelos promotores para que sejam realizadas novas diligências: a promotoria quer a realização de um exame de corpo delito em Unfried, o reconhecimento de Unfried pela vítima, a reconstituição do crime e um laudo pericial do confronto balístico. O juiz que cuida do caso foi procurado pela reportagem, mas não quis falar sobre o assunto.
Família
Ontem à tarde, pela primeira vez, o irmão de Juarez Ferreira Pinto, o policial civil Altair Ferreira (conhecido como Taico), se pronunciou sobre o caso. Ele disse que se sente culpado por não ter se envolvido desde o início nas investigações. "Se tivesse feito isso, talvez meu irmão já estivesse solto. O Juarez não consegue subir um morro como aquele, porque é muito doente. Ele é inocente", afirmou. Taico disse ainda que pretende mover uma ação por danos morais e materiais contra o Estado.
Na coletiva de imprensa que aconteceu ontem, o advogado de defesa Nilton Ribeiro disse que Juarez está muito doente e que tem pouco tempo de vida.
Ribeiro afirmou que a polícia errou em diversos pontos da investigação. O principal seria o modo como foi feito o reconhecimento de Juarez pela vítima. "Ela foi induzida ao erro. Quando a polícia o levou para o reconhecimento no hospital, outros homens com biotipos diferentes foram colocados ao lado de Juarez. E eles eram policiais, a Monik sabia disso porque eles circulavam por lá normalmente. Por isso os outros foram facilmente descartados", disse Ribeiro.
O psicólogo forense Rodrigo Soares Santos foi contratado pela defesa para apontar porque Monik pode ter se confundido. "Primeiro houve a indução, que pode gerar uma falsa memória, isto é, um processo em que as vítimas começam a fomentar um evento que nunca aconteceu. Ela percebe o Juarez como uma pessoa parecida e começa a associar a imagem dele com o episódio de violência por que passou. Depois de fazer isso inconscientemente, dificilmente vai conseguir associar outra pessoa ao crime", afirma Santos.
O delegado responsável pelas investigações, Luiz Alberto Cartaxo de Moura, afirma que o reconhecimento seguiu todos os padrões exigidos pelo Código de Processo Penal.
Reconhecimento
O casal que teria sofrido, em 2005, uma tentativa de assalto no Morro do Boi parecida com o que ocorreu a Monik Pegorari e Osíris del Corso chegou a reconhecer Juarez como sendo o homem que os atacou. Depois que Unfried foi preso, entretanto, o casal viu as novas fotos e ficou em dúvida eles pediram para serem afastados do caso, porque têm medo de se confundir, já que faz muito tempo que eles viram o assaltante.
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