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"Abuso de autoridade"

Juiz pede respeito a acusado de assassinato e dá voz de prisão a mãe da vítima

Dona Sylvia Miriam Tolentino de Oliveira prestava depoimento sobre a morte do seu filho, Cleowerton Oliveira Barbosa, que foi assassinado em 10 de setembro de 2016 com, pelo menos, 10 tiros. (Foto: Reprodução redes sociais)

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Nesta quarta-feira (18), as redes sociais viralizaram um trecho de uma audiência em que o juiz da 12ª Vara Criminal de Cuiabá, Wladymir Perri, dá voz de prisão à senhora Sylvia Miriam Tolentino de Oliveira durante o julgamento do suspeito de assassinar o filho dela. A audiência aconteceu no dia 29 de setembro.

Sylvia prestava depoimento sobre a morte do seu filho, Cleowerton Oliveira Barbosa, que foi assassinado em 10 de setembro de 2016 com ao menos 10 tiros.

No início do seu depoimento, questionada sobre a presença do acusado do crime no mesmo ambiente, Sylvia disse que não se importava porque, para ela, o acusado “não é ninguém”.

Imediatamente, o juiz Wladymir Perri pediu respeito ao suspeito e mais "inteligência emocional" por parte da mãe da vítima.

Sylvia rebateu o magistrado e disse que sabia o que estava acontecendo. Devido à persistência do posicionamento do juiz, a promotora do caso tentou intervir.

“Meu Deus, eu não acredito no que está acontecendo nesta audiência. A mãe da vítima está manifestando… é muito difícil controlar [...] É uma vítima enlutada”, disse a promotora Marcelle Rodrigues da Costa.

Exaltado, o juiz disse que a promotora não parava de falar e encerrou a audiência. Neste momento, Sylvia levantou-se nervosa, bateu na mesa, jogou fora um copo de plástico que tinha na mão e se dirigiu ao réu.

Sylvia disse que o acusado “escapou da justiça dos homens” mas não escaparia da justiça divina. Foi quando o juiz decretou a prisão da mãe da vítima.

“Na ata da audiência, o juiz disse que a mulher, no momento que jogou o copo, danificou patrimônio público, quebrando o bebedouro. Mas como um copo de plástico quebra um bebedouro? Além disso, na ata também constava que ela xingou o magistrado, mas também não ficou comprovado”, disse a promotora à imprensa.

De acordo com o G1, após receber a ordem de prisão, Sylvia ainda permaneceu no Fórum por mais quatro horas porque o juiz só teria lançado a ata no sistema às 20 horas. Em seguida, a mulher foi levada para prestar depoimento na delegacia.

Segundo informou a promotora Marcelle Rodrigues, o delegado não lavrou flagrante por falta de provas.

“O magistrado, em evidente abuso de autoridade, demonstrou que está despreparado para acolher as vítimas e familiares das vítimas das graves violações de direitos humanos, caminhando em direção contrária à própria política institucional do Poder Judiciário”, declarou a promotora após lavrar o habeas corpus de Sylvia.

Procurado pelo G1, o juiz informou que os fatos estão sendo apurados por determinação dele próprio e que teria encaminhado as imagens da audiência para a Corregedoria-Geral de Justiça do estado e para o Conselho Nacional de Justiça.

Procurada pela Gazeta do Povo, a Corregedoria não respondeu até o fechamento desta matéria. A reportagem também procurou a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Mato Grosso, mas não obteve retorno.

O jornal permanece aberto para quaisquer manifestações da OAB e da Corregedoria sobre o caso.

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