O trabalhador rural Joanir Pereira voltou à 3.ª Vara de Trabalho de Cascavel, no Oeste do estado, na tarde desta terça-feira (3), para audiência com o juiz Bento Luiz de Azambuja Moreira. Em 13 de junho o juiz suspendeu a sessão porque o trabalhador usava chinelo de dedos. Moreira considerou que o calçado era "incompatível com a dignidade do Poder Judiciário".
Para evitar um novo constrangimento, o trabalhador decidiu mudar o visual e vestiu a sua melhor roupa. Usou camisa azul, calça jeans e um par de sapatos emprestados pelo sogro. Mesmo sendo dois números menores. A sessão estava marcada para as 16h no Fórum Trabalhista da cidade, mas só começou uma hora depois.
Acompanhado do advogado Marcelo Picolli, o trabalhador movia uma ação trabalhista de aproximadamente R$ 10 mil. O encontro foi cercado de expectativa, uma vez que o advogado solicitou a suspensão de Moreira do caso. Mas não houve mudança e o mesmo juiz realizou a audiência. Depois de 40 minutos, a sessão foi encerrada com um acordo entre as partes. O trabalhador rural aceitou receber R$ 1,8 mil da empresa onde trabalhava.
O juiz reconheceu o erro e disse que pediu desculpas a Pereira durante a audiência. Ele ofereceu um par de sapatos ao trabalhador, porque havia prometido na audiência anterior que, caso Pereira provasse que não tinha o calçado, iria presenteá-lo com um par. O trabalhador recusou o sapato.
O advogado do trabalhador promete mover uma ação judicial contra o Estado pelo que ele considera um "ato discriminatório" por parte do juiz trabalhista durante o primeiro encontro.
A decisão do juiz provocou reação de várias entidades, como o Tribunal Regional do Trabalho do Paraná, a Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho. Todas condenaram a atitude do magistrado.
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