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Há cinco dias, professores acamparam em frente ao Palácio das Araucárias a fim de protestar: eles marcaram uma greve para a próxima segunda-feira | Antonio Costa/Gazeta do Povo
Há cinco dias, professores acamparam em frente ao Palácio das Araucárias a fim de protestar: eles marcaram uma greve para a próxima segunda-feira| Foto: Antonio Costa/Gazeta do Povo

Descaso

30 dias sem aula de Matemática

Depois de ficar quase um mês sem professor de Matemática, alunos de 7ª e 8ª séries da Escola Estadual Emiliano Perneta, de Curitiba, terão de repor o conteúdo perdido somente no ano que vem, segundo a diretora Sandra Phillips. "Solicitamos a substituição logo que a professora anterior pediu licença, mas demorou todo esse tempo para vir". A solução da escola foi encaixar reposições no contraturno e "jogar" para o próximo ano o restante da reposição.

No Colégio Estadual Santa Gema Galgani, na capital, também faltou professor. Alunos do 2º ano do Ensino Médio ficaram sem aulas de Química por 40 dias. Os conteúdos atrasados estão sendo ministrados aos sábados, mas a vice-diretora Eliane do Rocio Vieira conta que a escola não vai conseguir repôr 100% do conteúdo que falta. "Enquanto não houver interesse e investimento no professor, esses problemas só irão aumentar", critica.

De acordo com a coordenadora do setor de Recursos Humanos da Secretaria de Estado de Educação (Seed), Siloé Loures Costa, a convocação dos professores do PDE havia contornado o problema da falta de pessoal nas escolas. "A situação está praticamente solucionada. Faltas pontuais estão sendo resolvidas imediatamente", disse, antes de saber da decisão judicial. A defasagem de pelo menos 600 professores tinha sido causada pela decisão do governo que suspendeu as contratações temporárias. Outro problema foi o atraso no salário de profissionais contratados via PSS (Processo Seletivo Simplificado). (IR)

A Justiça suspendeu a resolução da Secretaria de Estado da Educação (Seed) que determinava o retorno às salas de aula dos professores que participam do Programa de Desenvol­vimento Educacional (PDE), um curso de mestrado ofertado pelo próprio governo do estado. A medida visava suprir a falta de docentes nas escolas da rede estadual e finalizar o conteúdo programado para o ano letivo de 2010. A liminar foi concedida no fim da tarde de ontem pelo juiz substituto da 5.ª Câmara Cível do Tri­bunal de Justiça do Paraná, Rogério Ribas, em uma ação proposta pela APP-Sindicato.

A presidente da APP, Marlei Fernandes de Carvalho, alega que a decisão tomada pela se­­cre­­taria não era a melhor saída para resolver o problema da falta de professores. "Desde outubro, vínhamos relatando à secretaria que era preciso convocar as pessoas aprovadas no concurso feito em 2007. Não seria o retorno dos professores que estão no PDE, prejudicando as atividades realizadas neste curso, que resolveria o problema nas sala de aula", explica.

Ainda conforme Marlei, a decisão já foi comunicada à Seed, mas a secretaria ainda não falou sobre o caso. Para ela, a liminar que suspende a resolução é uma vitória para os professores que participam do programa de formação continuada. "Eles não vão precisar se preocupar ou parar suas atividades", afirma, embora o sindicato ainda não tivesse recebido relatos de professores que, efetivamente, voltaram a dar aulas nesta semana.

Na próxima segunda-feira, os professores vão promover uma paralisação estadual, com concentração a partir das 9 horas em frente ao Palácio das Araucárias. Os educadores reivindicam o pagamento de promoções e progressões atrasadas, a garantia de substituição dos professores em licença e a nomeação de docentes e funcionários em concursos realizados em 2007 e 2006, entre outras exigências.

A expectativa do sindicato é conseguir a adesão da maioria das escolas do estado. Na última segunda-feira, a categoria já havia feito uma vigília em frente à sede do Executivo estadual para protestar.

Reação negativa

A convocação da secretaria havia desagradado os docentes que participam do PDE. A professora Tereza Lemos, que atua em duas escolas estaduais em Curitiba, conta que as aulas na universidade, da quais os alunos do programa participam, foram prejudicadas, já que o término seria apenas no próximo dia 17. "É um desrespeito da Secretaria de Educação conosco", diz.

A Lei complementar 130/2010, que regulamenta o PDE, prevê afastamento das atividades docentes em 100% no primeiro ano do curso e de 25% no segundo para dedicação exclusiva às atividades previstas. A professora enfatiza que, mesmo sem as aulas, os docentes estão comprometidos com a elaboração de projeto de intervenção pedagógica e outras leituras obrigatórias. "Não ficamos sem fazer nada".

Outra professora, que atua em um colégio no bairro do Portão, na capital, e preferiu não se identificar, conta que sofreu ameaças. "Disseram que, se não voltasse, eu poderia sofrer um processo administrativo e ser mandada embora", denuncia.

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