Começou, nesta segunda-feira, na 4ª Vara Criminal da Capital, a audiência de instrução e julgamento de 75 réus denunciados na Operação Herodes, que desarticulou uma quadrilha especializada em abortos em outubro do ano passado. O grupo responde por crimes como homicídio qualificado, formação de quadrilha, aborto provocado por terceiro, ocultação de cadáver e aborto provocado por gestante.
Na primeira fase da audiência, a juíza Elizabeth Machado Louro ouviu testemunhas de acusação. O primeiro a depor foi o delegado da Corregedoria da Polícia Civil, Felipe Bittencourt do Valle, que chefiou as investigações que desencadearam na Operação Herodes. O delegado relatou que uma sindicância foi aberta em outubro de 2012 depois que a Corregedoria da Polícia Militar encaminhou um vídeo onde aparece uma movimentação de gestantes e seguranças na porta de uma casa, na Rua da Proclamação, em Bonsucesso. Outras três testemunhas foram designadas pelo Ministério Público para depor em juízo.
A partir das diligências e investigações, o delegado detectou que policiais civis e militares estavam envolvidos. A Corregedoria da Polícia Civil apurou o envolvimento de agentes em esquemas de vigilância de locais de aborto e descobriu que integrantes de um mesmo grupo trabalhavam em sete endereços.
O delegado afirmou que as investigações revelaram a existência de uma rede de clínicas de aborto que atuavam em parceria, e que a Operação Herodes serviu para desbaratar todo o esquema. “Não adiantava fechar apenas uma clínica e deixar toda a engrenagem criminosa funcionando”, explicou.
As investigações que deram origem à Operação Herodes começaram em março de 2013, quando um inspetor de uma delegacia da Zona Oeste foi preso dentro de uma clínica clandestina em Campo Grande. A Corregedoria da Polícia Civil passou a apurar o envolvimento de agentes em esquemas de vigilância de locais de aborto e descobriu que integrantes de um mesmo grupo trabalhavam em sete endereços. Clínicas de aborto foram fechadas nos bairros de Bonsucesso (a maior clínica), Copacabana, Guadalupe, Botafogo, Rocha e Campo Grande.
A ação, considerada a maior contra clínicas clandestinas já realizada no país, aconteceu após a morte da auxiliar administrativa Jandira Magdalena dos Santos Cruz,de 27 anos, após fazer um aborto em Campo Grande. O corpo dela foi encontrado carbonizado, sem os braços, sem as pernas e a arcada dentária, dentro de um carro em Guaratiba, quase um mês depois. Na mesma época outra mulher que se submeteu a um aborto foi encontrada morta: Elizângela Barbosa, de 32 anos, havia feito uma cirurgia numa clínica clandestina no bairro do Sapê, em Niterói.
Entre os presos, estão médico Aloísio Soares Guimarães, de 88 anos. Acusado de ser um dos chefes da quadrilha, ele chegava a ganhar R$ 300 mil por mês fazendo abortos, segundo a polícia. Um outro médico, Bruno Gomes da Silva, de 80 anos, também foi capturado na Operação Herodes: ele seria um dos mais ativos cirurgiões do bando, de acordo com investigadores.
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