Ao ser interrogado, Bola chorou e disse ser inocente. “Eu jamais mataria alguém”, afirmou| Foto: Cristiane Mattos/Futura Press/Folhapress

Após seis dias de julgamento no Fórum de Contagem (MG), o ex-policial civil Mar­­cos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado na noite do último sábado a 22 anos de prisão pela morte e ocultação do cadáver de Eliza Samudio, ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes. Da pena total, 19 anos serão em regime fechado.

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Ao ler a decisão, a juíza Marixa Lopes Rodrigues classificou Bola como "agressivo" e "impiedoso" e disse que o ex-policial cometeu um "crime perfeito" ao ocultar o corpo de Eliza, uma vez que ele nunca foi encontrado. A magistrada afirmou que, por ter sido policial, o réu "tinha plena consciência da gravidade de seu ato", mas, segundo ela, "agiu amparado pela certeza da impunidade". Interrogado no sábado, Bola chorou e disse ser inocente. "Eu jamais mataria alguém", afirmou.

Bola é apontado como o executor da ex-modelo e foi o quinto réu julgado pelo crime. Já foram condenados Bruno Fernandes; Luiz Henrique Romão, o Macarrão, ex-secretário do goleiro; e Fernanda Castro, ex-namorada do jogador. A ex-mulher de Bruno, Dayanne Souza, foi a única absolvida.

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Mesmo com a defesa insistindo na ausência de provas contundentes que ligassem Bola à morte, esquartejamento e ocultação do corpo da vítima, os jurados – três mulheres e quatro homens – entenderam que o ex-policial, preso há três anos, é responsável "pelo ato que deu fim à vida de Eliza".

O promotor Henry Castro defendeu a tese de que Bola estaria agindo em conluio com Macarrão. Ele revelou detalhes de chamadas telefônicas entre os dois condenados no período de 4 a 10 de junho de 2010, entre o início do sequestro e o assassinato de Eliza. O promotor também amparou a acusação no depoimento de Jorge Lisboa, que confessou ter presenciado parte do crime e ter visto o que seria a mão de Eliza em uma sacola preta carregada por Bola.

Defesa

A defesa de Bola afirmou que irá recorrer da decisão dos jurados. Os advogados vão argumentar que houve irregularidades durante o processo do júri e que a decisão foi contrária às provas que constam nos autos do processo. Logo após o término do julgamento, Ércio Quaresma, principal advogado de Bola, declarou que "obviamente já manejou recurso" e atribuiu à imprensa influência no resultado do julgamento. "A imprensa tem que repensar seu comportamento, o prejulgamento tem uma influência monumental no resultado que está aqui", disse.