O primeiro dia do julgamento do goleiro Bruno Fernandes, acusado de sequestrar e mandar matar a ex-amante Eliza Samúdio, e de sua ex-mulher Dayanne Rodrigues do Carmo, processada pelo sequestro e cárcere privado do bebê que o jogador teve com a vítima, foi marcado por pelo menos duas acaloradas discussões entre representantes da acusação, a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, e advogados de defesa dos réus.
Desde o início dos trabalhos na manhã de ontem no Fórum de Contagem, em Minas Gerais, defensores protagonizaram bate-bocas que levaram a magistrada a interromper a sessão algumas vezes. A primeira discussão ocorreu logo no início da manhã, antes mesmo do sorteio dos jurados que compõem o conselho de sentença, quando o assistente de acusação, o advogado José Arteiro Cavalcante, acusou um dos representantes de Bruno, Lúcio Adolfo da Silva, de "desrespeito" e ambos levantaram a voz com dedos em riste. Durante a tarde, Silva protagonizou outro atrito, desta vez com o promotor Henry Wagner Vasconcelos, que chegou a dizer que se sentiu "ameaçado" quando o advogado, no meio do depoimento de uma testemunha, afirmou que "o bicho vai pegar" no julgamento.
Polêmica
Em vários momentos ao longo do dia, a juíza discutiu com Ércio Quaresma Firpe, polêmico advogado que representava Bruno durante as investigações e que deixou o caso após aparecer em um vídeo fumando crack. Ele voltou a atuar no processo como defensor do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que será julgado a partir de 22 de abril pela acusação de assassinato e ocultação de cadáver de Eliza. Em novembro de 2012, Luiz Henrique Romão, o Macarrão, foi condenado a 15 anos de prisão pelo assassinato de Eliza e pelo sequestro de Bruninho.
Resumo
Veja como foi o 1º dia do júri popular do ex-goleiro:
1 - Defesa de Bruno pede anulação da certidão de óbito de Eliza Samudio, concedida pela juíza em janeiro; a magistrada negou.
2 - Juíza discute com a defesa de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola (acusado de executor, mas que só será julgado em abril).
3 - Cinco mulheres e dois homens foram escolhidos como jurados.
4 - O advogado de Bruno dispensou três testemunhas de defesa e as outras duas faltaram ao julgamento. Ele afirmou que isso não deve prejudicar o goleiro e disse que "quer o debate".
5 - Foi ouvida como testemunha de acusação a delegada Ana Maria Santos, que ouviu o primo do goleiro, Jorge Luiz Rosa, na época do desaparecimento.
6 - Segundo relato da testemunha, Jorge Rosa disse que Bola asfixiou Eliza, Macarrão a chutou posteriormente e Bruno agiu demonstrando naturalidade.