A invasão no presídio terminou na morte de 111 presos| Foto: Heitor Hui/Agência Estado

Três meses após a condenação de 23 policiais militares pelo massacre do Carandiru, que resultou na morte de 111 presos em outubro de 1992, começa amanhã, às 9 horas, a segunda etapa do maior júri em número de vítimas do país. Agora, serão julgados 26 policiais da Rota (tropa de elite da PM paulista), acusados pelo maior número de mortes no massacre: 73 homens que estavam no 2.º andar da penitenciária. Com 50 mil páginas, 57 volumes e 84 réus, o processo teve de ser desmembrado em quatro júris diferentes. Os acusados foram divididos em grupos, de acordo com os andares em que atuaram naquele dia.

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Na primeira parte do julgamento, em abril, 23 PMs que entraram no primeiro andar do prédio foram condenados a 156 anos de prisão cada. Eles recorreram e aguardam a decisão da Justiça em liberdade. Para tentar evitar uma nova condenação, a defensora de todos os réus, Ieda Ribeiro de Souza, afirma que pretende explorar como era a vida dos detentos. "Muitos dos que julgaram da outra vez eram jovens e não conheceram o Carandiru. A visão que eles têm é a de um filme de ficção", afirma, referindo-se ao filme de Hector Babenco que retrata o massacre e foi usado pela Promotoria para sensibilizar o júri.

Ieda afirmou ainda que dará preferência para jurados mais velhos e que sejam das áreas de ciências exatas ou humanas, que teriam mais "raciocínio lógico e que possam perceber a situação emocional das pessoas [PMs] que estavam lá dentro", diz.

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Já o promotor Fernando Pereira da Silva deve usar a mesma retórica que convenceu os jurados em abril, desconstruindo a tese de que os presos eram "monstros" e, por isso, mereciam morrer. Ele mostrou que muitos dos que morreram no massacre já tinham direito ao regime semiaberto e não deveriam estar mais no presídio.