O julgamento do caso conhecido como massacre do Carandiru, que deixou 111 mortos em outubro de 1992, foi adiado ontem, depois que uma das juradas passou mal. De acordo com o Tribunal de Justiça de São Paulo, o júri será retomado na próxima segunda-feira.
O julgamento começou por volta das 11h10 no Fórum da Barra Funda, zona oeste. Após a escolha do conselho de sentença composto por cinco mulheres e dois homens foi feita a leitura das peças. Uma das juradas passou mal durante a leitura e, após o intervalo para o almoço, o juiz José Augusto Nardy Marzagão decidiu adiar o julgamento, anunciando a impossibilidade de a jurada permanecer no plenário por problemas de saúde.
Com a suspensão, novos jurados serão escolhidos e nenhum dos que foram selecionados poderá retornar, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo. Ontem seria o primeiro dia do julgamento de 26 dos 84 policiais militares acusados pelo Ministério Público de cometer os homicídios no Pavilhão 9 do presídio. Defesa e acusação sustentam que a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) é subproduto da ação policial que deixou 111 mortos na invasão da antiga Casa de Detenção.
Os 26 policiais vão ser julgados pela morte de 15 detentos no primeiro andar, também chamado de segundo pavimento.
Manifestação
Estudantes de direito da Universidade de São Paulo (USP) instalaram ontem, em frente ao prédio da faculdade, no centro da capital, 111 cruzes para lembrar o número de presos mortos por policiais militares na Casa de Detenção do Carandiru. Além das cruzes, faixas, cartazes e bandeiras a meio mastro faziam parte do ato de luto pelo massacre.
Segundo o representante do Centro Acadêmico XI de Agosto, Renan Perlati, de 20 anos, a intervenção faz parte de uma série de atividades com as quais os estudantes pretendem discutir a política de encarceramento no Brasil. "Nossa ideia é fazer com que as pessoas, ao passar por entre as cruzes, lembrem que são todos seres humanos e que temos que ser contra qualquer tipo de massacre", afirmou.
Os estudantes também pretendem fazer, ainda neste ano, um mutirão jurídico em presídios paulistas para ajudar na regularização da situação dos detentos.
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