Júri condena policial militar pela morte de rapaz há 11 anos

Quase onze anos após crime, sai a sentença do tenente da Polícia Militar Demetrius Farias Lobo, responsável pela morte de Luciano Salkovski, de 20 anos. Os sete jurados decidiram, ontem, considerar o réu culpado por homicídio simples, afastando qualificadoras que tornariam a pena mais pesada. Até o fechamento da edição não se havia decidido a pena de Lobo.

"Não queríamos vingança, mas, sim, justiça", declarou o irmão da vítima que estava junto no dia do incidente, Fábio Salkovski. Para a mãe de Luciano, Maria Aparecida Salkovski, Lobo foi protegido na época por ser filho do então ajudante-geral do Comando da PM, Alceu Vergílio Farias Lobo. O pai do tenente preferiu não dar entrevista, apenas diz ter orgulho do filho.

Luciano foi atingido por um tiro de pistola 7,65 milímetros disparado pelo tenente Lobo no dia 18 de julho de 1995. A vítima, acadêmico de Engenharia Elétrica, era um dos quatro passageiros de um Gol cinza que era seguido pela polícia por suspeita de ser roubado. Os rapazes que estavam no carro temiam por estar sem o pára-brisa traseiro do veículo e resolveram não parar, desrespeitando a abordagem policial.

Logo após atingir Luciano, Lobo tentou fraudar a cena do crime, apresentado um revólver calibre 32 como apreendido e retirando a viatura do local para depois reapresentá-la com um tiro no pára-brisa dianteiro, alegando que só teria atirado contra o carro dos rapazes para revidar. "Foi assassinato, não há dúvida", afirma a mãe de Luciano.

Lobo, com 22 anos na época, foi afastado momentaneamente para funções administrativas, mas logo depois voltou à ativa. Pouco mais de um ano depois, em agosto de 1996, um novo incidente, envolvendo outra morte, marcou a carreira do jovem tenente, sendo acusado mais uma vez de abuso. Nesse caso, foi julgado e condenado a 9 anos, mas os advogados recorreram e pediram a anulação do júri. O caso ainda não está resolvido.