O ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho vai a júri em 21 e 22 de janeiro de 2016. Ele é acusado pela morte de Gilmar de Souza Yared e de Carlos Murilo de Almeida em um acidente de trânsito, em 2009. O despacho com a marcação do julgamento foi emitido pelo juiz Leonardo Bechara Stancioli, nesta terça-feira (20) e a informação foi confirmada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJ-PR) nesta quinta-feira (22).
O magistrado optou por ouvir apenas quem fosse “estritamente necessário” no procedimento, segundo informou o advogado Elias Mattar Assad, assistente da acusação. Além de testemunhas oculares, a mãe de Gilmar, a deputada federal Christiane Yared (PTN), irá ser ouvida como informante. Residentes em São Paulo, as testemunhas da defesa serão ouvidas por carta precatória, segundo consta no despacho. O prazo para indicação de testemunhas encerrou na última segunda-feira (19).
Em paralelo, dois agravos da defesa correm em Brasília, um no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outro no Supremo Tribunal Federal (STF). A defesa alega irregularidades no processo. A principal é que a transcrição do resultado do exame que acusou embriaguez ao volante persiste em todo o processo, mesmo após ser desconsiderado pela Justiça, que considerou que o sangue do deputado foi coletado de forma ilegal.
Já Mattar Assad considera que os agravos não interferem no júri, por não terem “efeito suspensivo” ao julgamento e serem “matérias que eles já perderam no Paraná, e que os tribunais em Brasília já [tiveram o mesmo entendimento] em outros casos”.
Yared anuncia júri em seu Facebook
Mãe de uma das vítimas fatais do acidente, a deputada federal Christiane Yared (PTN) informou a data do júri popular de Carli Filho em seu Facebook, no começo desta tarde. “O ex-deputado dirigia o carro que voou sobre o carro do meu filho, provocando a morte trágica dele e de seu amigo Carlos Murilo. Não queremos vingança, mas justiça”, disse ela.
Entenda o caso
O acidente que tirou a vida de Gilmar Yared e Carlos de Almeida ocorreu em 7 de maio de 2009. Por volta da 1 hora, o Honda Fit conduzido por Gilmar foi atingido pelo Volkswagen Passat, de Carli Filho, na esquina das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski, no Mossunguê. Os dois rapazes morreram na hora, e o deputado ficou gravemente ferido.
A defesa do deputado lutou para levar o julgamento ao STJ, em Brasília. Em 2011, o TJ decidiu pelo júri popular. Na mesma ocasião, o tribunal derrubou dois agravantes do processo, o que reduziu uma possível pena, em caso de condenação. O primeiro era de embriaguez ao volante - por considerar que as provas foram sido coletadas de maneira irregular - e o segundo, o fator surpresa.
Com base em um habeas corpus apresentado pela defesa, o STJ abriu a possibilidade de reverter o júri popular, em 2013. Os advogados de Carli alegavam que o processo foi distribuído de forma errônea. O tribunal federal pediu esclarecimentos, que chegaram um ano depois.
Em fevereiro do ano passado (2014), o TJ mais uma vez decidiu pelo júri popular. Na ocasião, o teste que constatou álcool no sangue de Carli Filho foi descartado em definitivo.
Na última segunda-feira (19) expirou o prazo para indicação de testemunhas, o que criou uma expectativa sobre a data do júri. Com a decisão desta quarta-feira, do juiz Leonardo Bechara Stancioli, o julgamento fica para janeiro de 2016, seis anos e oito meses após o acidente.