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A juíza Regiane Tonet dos Santos, da Comarca de Guaraniaçu, no Oeste, precisou remarcar o júri popular de cinco integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que deveria ter iniciado na manhã desta quarta-feira (26). Eles são acusados de matarem três policiais militares em março de 1993, após a ocupação de uma fazenda no município de Campo Bonito, em um dos casos mais emblemáticos da história dos conflitos agrários no Paraná. Os réus e a defesa simplesmente não compareceram ao julgamento, impossibilitando a realização do júri.

As testemunhas deixaram o fórum já intimadas a comparecer a novo julgamento, designado para o dia 26 de junho. Um advogado do Estado foi nomeado pela Justiça para assumir a defesa dos réus e estar presente no próximo júri, caso a defesa não compareça novamente. "Não haveria impedimento da realização da sessão em razão da ausência dos réus. Entretanto, é indispensável a presença dos defensores", disse a magistrada. Ela afirmou que vai comunicar a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) sobre a ausência dos advogados para que a entidade tome as medidas cabíveis.

São réus no processo os sem-terra Lourival Castilhos Pimentel, Ademir Mota de Oliveira, Sebastião Silvano, Dourival de Melo Alves e Aguinaldo dos Santos. Eles teriam capturado e matado os policiais Vicente de Freitas, Algacir José Bebber e Adelino Arconti, que, por trabalharem no serviço reservado da PM, estavam sem os uniformes da corporação. O crime ocorreu no dia 3 de março de 1993 quando os policiais foram à fazenda recém-ocupada para acompanhar a remoção de máquinas e teriam sido confundidos com jagunços.

O caso teve grande repercussão porque o líder do movimento, Diniz Bento da Silva, conhecido como Teixeirinha, teve a prisão decretada e no dia 8 de março, após passar cinco dias foragido, foi morto depois de se entregar à polícia. O conflito agrário rendeu uma condenação ao Brasil na Organização dos Estados Americanos (OEA) por violação ao direito à vida.

Vanda Freitas, esposa do sargento Vicente Freitas, deixou o fórum decepcionada. Ela lembra que ficou sabendo da morte do marido pela televisão e desde então aguarda a condenação dos sem-terra. "Não tem nem como explicar como a gente está vivendo esses 21 anos", afirmou.O advogado Claudemar Aparecido de Oliveira, defensor de Lourival Castilhos, disse por telefone que não foi autorizado pelo cliente a falar sobre o caso. A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos outros réus. Caso Teixeirinha

O processo sobre a morte do líder sem-terra Diniz Bento da Silva, o Teixeirinha, também corre no fórum de Guaraniaçu; 14 policiais militares são réus. O Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), no entanto, suspendeu liminarmente o andamento do processo por entender que os policiais estavam no restrito cumprimento do dever legal quando Teixeirinha foi morto. Ainda não foi julgado o mérito do processo que pode continuar tramitando ou ser arquivado definitivamente.

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