Relembre o Caso Isabella Nardoni
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Entenda como funciona o tribunal
O julgamento do casal Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni é realizado no 2º Tribunal do Júri do Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo.
Apenas sete jurados compõem o conselho de sentença. O sorteio ocorreu na segunda-feira. Durante os cinco dias de julgamento os integrantes do conselho ficam incomunicáveis.
O julgamento segue a seguinte ordem:
- Sorteio dos jurados (realizado por volta das 16h desta segunda-feira): sete foram sorteados, entre 40 possíveis.
- Depoimento das testemunhas (interrogatórios das testemunhas de acusação e defesa ocorreram desde o início da noite de segunda até quarta): primeiro são ouvidas as arroladas pela acusação, depois as da defesa.
- Interrogatórios dos réus (Casal Nardoni foi interrogado durante toda quinta-feira): acusados do crime respondem a perguntas de defesa e acusação (os jurados também podem fazer questionamentos, por intermédio do juiz).
- Leitura de peças: trechos do processo, como provas recolhidas por carta precatória.
- Debates: são disponibilizadas duas horas e meia para os argumentos da acusação e o mesmo para a defesa (realizados). Depois, há duas horas de réplica (promotor Francisco Cembranelli finalizou argumentos da acusação) e o tempo igual de tréplica (termina argumentos finais do advogado de defesa Roberto Podval).
- Voto em sala secreta (jurados já respondem questões; definição para inocentar ou culpar casal Nardoni): jurados vão até a sala secreta e respondem a quesitos estabelecidos pelo juiz. Depois, o magistrado formula e lê a eventual sentença.
O primeiro dia do julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá terminou às 21h55 desta segunda-feira (22). Após um depoimento emocionado da mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira, como testemunha de acusação do casal Nardoni, que por pelo menos quatro vezes se emocionou ao relembrar da menina recebendo atendimento médico e disse que nunca mais conversou com Alexandre Nardoni desde o crime. Uma das juradas não conseguiu segurar as lágrimas durante o depoimento, quando a mãe falava sobre o momento em que foi ao hospital após a queda e ficou sabendo da morte da menina.
Ana Carolina é considerada testemunha-chave do julgamento, por afirmar que a relação da madrasta, Anna Carolina Jatobá, com a filha era muito tumultuada, e que havia muito ciúme por parte da mulher de Alexandre. O depoimento dela promete ser o mais longo de todos e foi o único desta segunda, visto que houve atraso para o início do júri. A continuidade dos depoimentos acontecerá nesta terça-feira. Os jurados poderão fazer perguntas para Ana Carolina Oliveira se o juiz Maurício Fossen assim autorizar.
A leitura do resumo do processo que apura a morte da menina Isabella Nardoni pelos sete jurados - quatro mulheres e três homens - durou cerca de três horas, atrasando o depoimento de Ana Carolina. A leitura estava prevista para durar uma hora.
Depoimento comovente da mãe
Durante o depoimento, Ana Carolina contou que namorou Alexandre durante um ano e dois meses. Eles terminaram, voltaram um tempo depois e, em dois meses, ela estava grávida de Isabella. O relacionamento acabou de vez quando a menina tinha 11 meses, por uma suspeita de traição. A bancária chegou a ir até a porta da casa do pai de Isabella de madrugada para verificar se ele estava lá.
No dia seguinte a esse fato, o namoro acabou a mãe diz que a iniciativa de terminar foi dela. Questionada pela Promotoria, ela relatou algumas situações que aconteceram durante e após o relacionamento. Em um dos casos, o então casal estava em uma festa na casa da avó de Ana Carolina Oliveira e um marido de uma prima fez uma brincadeira. Alexandre ficou irritado, segundo relatos da bancária, deixou a residência e voltou nervoso um tempo depois. "Ele voltou sem camisa, muito nervoso, e chamava o marido da minha prima para brigar", disse. Segundo a mãe, Isabella tinha de dois a três meses e começou a chorar. Depois, ela convenceu Alexandre a ir embora.
Outro relato é de quando a mãe decidiu colocar a menina na escola. Isabella tinha 1 ano e quatro meses e Ana Carolina avisou a família de Alexandre da decisão. "Ele me ligou completamente nervoso, disse que não aceitaria aquela situação, que era ideia da minha mãe", afirmou durante depoimento. Segundo a bancária, ela encontrou o ex-namorado na porta da casa dela quando chegou do serviço. Houve troca de ofensas e ele foi embora.
Depois, voltou dizendo que estava armado, de acordo com o depoimento dela. "Ele disse que ia matar minha mãe, que ia me matar também", afirmou. O pai de Alexandre chegou à residência e conseguiu levar o filho embora. Ana Carolina e a avó de Isabella registraram, então, um boletim de ocorrência de ameaça.
Choro da madrasta
Acusada de matar a menina Isabella, a madrasta da criança chorou quando o juiz começou a ler o relatório do caso. Inquieta, ela está sentada ao lado de Alexandre Nardoni, que parece estático. Ao lado dos dois, estão policiais. Eles entraram juntos no plenário do Tribunal do Júri, sem algemas.
Depoimentos das testemunhas
As próximas testemunhas comuns à defesa e à acusação a serem ouvidas após o depoimento de Ana Carolina Oliveira serão a delegada Renata Helena da Silva Pontes, o médico legista Paulo Sérgio Tieppo Alves e a perita criminal Rosangela Monteiro. Luiz E. Carvalho será a quarta pessoa a ser ouvida pela assistência da acusação. Eles devem ser ouvidos nesta terça-feira (23).
Primeiro serão ouvidas todas testemunhas de acusação e depois as de defesa - ao todo, 16 delas vão prestar depoimento no julgamento, sendo 11 de defesa, 2 de acusação e 3 em comum (acusação e defesa).
Sete testemunhas foram dispensadas de prestar depoimento nesta tarde. Das 17 pessoas arroladas, os advogados do casal desistiram de seis: Paulo Vasan, escrivão do 9º Distrito Policial (DP), no Carandiru; Luiz Alberto Spinola de Castro, investigador de polícia do 9º DP; Claudio Colomino Mercado, agente policial do 9º DP; Adriana Mendes da Costa Porusselli, escrivã do 9º DP; Walmir Teodoro Mendes, investigador do 35º DP, no Jabaquara; e Geralda Afonso Fernandes, vizinha de frente do prédio onde morava o casal Nardoni. Já a acusação dispensou o testemunho da avó materna da vítima, Rosa Cunha de Oliveira.
A expectativa é que o depoimento de cada uma demore cerca de uma hora. Todas as testemunhas que serão ouvidas, assim como os jurados, vão dormir nas dependências de uma unidade do Tribunal de Justiça: ou no alojamento do Fórum de Santana, ou no Fórum da Barra Funda. Já o casal Nardoni será levado à carceragem de um distrito na capital, mas a informação não foi confirmada pela Tribunal de Justiça por motivos de segurança.
Uma maquete detalhada que chegou em um veículo será usado pela Promotoria durante o júri. Ele tem por objetivo tentar colocar os jurados mais próximos da realidade do dia da morte da menina Isabella.
Intervalos
Após a leitura da sentença de pronúncia - quando foram apresentados os motivos pelos quais Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram mandados a júri - e da instrução dada aos sete jurados, o juiz Maurício Fossen concedeu um pequeno intervalo para um café e para que os presentes pudessem ir ao banheiro. O acesso aos jornalistas e às pessoas que irão assistir ao júri foi liberado no Fórum do Santana, na Zona Norte de São Paulo.
Antes dessa nova pausa, uma outra tinha sido autorizada pelo juiz para o almoço, mas logo o julgamento do casal Nardoni foi retomado.
Rejeição de nova perícia
O juiz Maurício Fossen negou nesta segunda-feira (22) mais um pedido da defesa do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá para adiar a sessão do julgamento. A defesa requereu ao juiz uma perícia mais detalhada do local do crime. Ao todo, já foram negados aos réus 12 pedidos de adiamento nas três instâncias da Justiça, 11 deles impetrados por meio de pedido de habeas-corpus. O casal é acusado de matar a menina Isabella Nardoni, filha de Alexandre, no dia 29 de março de 2008.
Das 40 pessoas que foram convocadas pela Justiça para o sorteio do júri, 28 compareceram ao Fórum de Santana, em São Paulo. Na escolha dos jurados, dois deles foram recusados: uma mulher pelo Ministério Público e outra pela defesa dos réus. O sorteio aconteceu às 15h40 e durou cerca de nove minutos.
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