A Justiça acatou no início de novembro a denúncia feita pelo Ministério Público do Paraná contra um jovem de 18 anos acusado de matar o amigo Guilherme Toniolo, de 26, dentro de um apartamento no bairro Bacacheri, em Curitiba, em abril deste ano. Ele será julgado por homicídio simples, conforme a denúncia, mas deve responder ao julgamento em liberdade. O jovem chegou a ficar preso após o crime, mas foi solto no início de maio.
Toniolo foi morto a facadas na madrugada do dia 29 de abril quando estava na casa do amigo. Além dos dois, naquela madrugada, estavam no apartamento o pai do réu e um amigo dele. A polícia concluiu, com base no depoimento de outras testemunhas, que o acusado agiu sozinho e que o crime foi motivado por uma discussão.
A briga teria começado na cozinha do apartamento, segundo o depoimento de acusado. No mesmo local, Toniolo foi golpeado cinco vezes com uma faca e morreu. De acordo com o delegado Rogério Martins, do 5.º Distrito Policial, o acusado teria confessado o crime. "O motivo foi uma briga entre os dois, mas ele [acusado] disse não lembrar de tudo o que havia acontecido e não saber porque eles começaram a brigar", diz o delegado.
O pai do jovem acusado e o amigo que o acompanhava teriam acordado com o barulho da briga dos dois jovens. Laudos do Instituto de Criminalística (IC) e do Instituto Médico Legal (IML) apontaram a inexistência de qualquer entorpecente no corpo da vítima ou de ingestão de álcool. Os laudos também descartaram que ele tivesse inalado odorizador de ar. Esta hipótese foi levantada à época do crime como um dos possíveis agravantes para a discussão entre os amigos.
Segundo o delegado, o acusado não realizou testes no IML ou no IC, mas disse, em depoimento, que teria ingerido álcool antes do crime.
A vítima e o acusado eram amigos desde janeiro deste ano e a aproximação dos dois ocorreu após um pedido da mãe do réu, segundo conta a mãe de Toniolo, a psicóloga Márgara Rocha. O jovem assassinado, assim como sua família e a mãe do acusado, frequentavam a mesma igreja, o que motivou a aproximação, para que, conforme conta Márgara, o rapaz denunciado por homicídio se reaproximasse da religião.
Para a mãe, irmãs e pai da vítima, após seis meses o crime ainda causa espanto. "O Guilherme gostava realmente deles [a família do acusado], não existia rixa alguma. Foi um espanto acontecer dentro da residência deles. Não existia nada entre eles, ao menos do nosso conhecimento, que levasse a isso", diz Márgara.
A família diz nunca ter notado qualquer alteração de humor ou indício no comportamento do jovem acusado.
Outro lado
Segundo o advogado de defesa, Alexandre Knopfholz, em juízo a principal questão que deve ser resolvida é em que circunstâncias ocorreu o assassinato de Guilherme Toniolo. "A responsabilidade e as causas ainda não estão bem esclarecidas: se foi no calor de uma discussão ou se ele (o acusado) reagiu a alguma atitude do amigo", diz.
Apesar do laudo do IML não ter encontrado álcool no corpo da vítima, o advogado acredita que ambos ingeriram bebidas na noite do crime. "Aparentemente eles estavam alcoolizados e o acusado não nega isso, apesar de (ter optado por) não fazer exames que comprovem", explica. O defensor informou ainda que o acusado vive com os pais em São Paulo e comparece uma vez por mês em Curitiba para se apresentar em juízo, como condição para sua liberdade provisória.
Família contesta parte da investigação e falta de socorro à vítima
Com o caso tramitando na Justiça, a família da vítima contesta partes da investigação feita pela Polícia Civil. Eles alegam que não ficou clara a responsabilidade pela morte de Guilherme Toniolo e que há indícios de manipulação da arma usada no crime, além de atraso no socorro dado à vítima.
Segundo a empresária Juliana Toniolo Cordeiro, 32 anos, irmã da vítima, a faca que teria sido usada no crime foi encontrada sem o cabo, somente com a lâmina. "É estranho em um apartamento de alto padrão existir uma faca só com a lâmina. (Isso) Dá a entender que houve uma mudança", diz.
A família ainda contesta o atendimento dado ao jovem após os golpes e diz que a forma como ele foi socorrido não foi esclarecida. "Nós fomos avisados da morte só no começo da manhã. O pior de tudo foi não terem levado para uma emergência, deixarem ele morrer assim dessa forma", diz Juliana.
O delegado Rogério Martins preferiu não comentar a falta de um cabo na faca usada no crime, mas disse que a arma foi recolhida pelo Instituto de Criminalística e os laudos apontaram que ela foi usada pelo acusado para cometer o crime. "Os laudos também apontaram que houve luta corporal entre os dois antes da morte".
O advogado Alexandre Knopfholz, que defende o acusado pelo homicídio, disse que o pai do réu, assim que viu a situação, chamou o socorro do Siate para o atendimento da vítima e alega que não houve demora no seu atendimento.
Atualização realizada em 10 de maio de 2023: Após a tramitação da ação penal, o jovem acusado do crime foi julgado pelo Tribunal do Júri que concluiu pela desclassificação do crime praticado de homicídio para lesão corporal seguida de morte. Com a desclassificação do crime e a consequente redução da pena imputada, reconheceu-se a prescrição e o processo criminal foi arquivado.
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