Na madrugada desta quarta-feira (13), a juíza Tula Correa de Mello, titular da 3ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, proferiu sentença condenando Caio Silva de Souza a 12 anos de prisão pela morte do cinegrafista Santiago Andrade, que foi atingido por um rojão na cabeça enquanto cobria as manifestações violentas dos “Black Blocs”, em 2014, contra o aumento das passagens de ônibus.
Caio Silva de Souza ainda poderá recorrer da sentença. O outro acusado do crime, Fábio Raposo Barbosa, foi absolvido pelo Conselho de Sentença do 3º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. O julgamento durou 12 horas.
Inicialmente, Fábio e Caio foram acusados pelo crime de homicídio doloso qualificado por emprego de explosivo. Porém, os jurados concluíram que não houve intenção de matar a vítima, o que levou à desclassificação do crime.
Com isso, a competência para julgar Caio, que foi quem acendeu o rojão, passou a ser da juíza Tula Correa de Mello, que o condenou pelo crime de lesão corporal seguida de morte.
Em seu depoimento, Fábio disse que era um frequentador das manifestações contra o governo da ocasião. O depoente contou que no dia 6 de fevereiro de 2014, chegou na manifestação por volta das 18h30 e notou um grande tumulto. Disse também que viu um objeto preto no chão e o pegou por "curiosidade" sem saber que era um rojão.
Segundo Fábio, Caio insistiu para que ele o entregasse o rojão. Em seguida, Fábio teria se afastado de Caio por conta do gás lançado pelos policiais. Fábio afirma não ter visto o momento em que Caio acendeu o rojão e nem quando o cinegrafista foi atingido.
Fábio também negou fazer parte do grupo "Black Blocs". Durante diligência policial na casa de Fábio, foram encontrados símbolos do grupo nas paredes do quarto dele.
Ao depor, Caio disse que depois de acender o rojão deixou o artefato no chão e saiu do local. O réu também falou sobre a culpa que carrega por ter causado a morte de Santiago.
"Eu passo todo dia pela Central do Brasil e carrego o peso da minha mochila, mas também carrego o peso de ter matado um trabalhador. Todo dia eu carrego o peso do meu trabalho e o peso de ter matado um trabalhador”, disse Caio em seu depoimento.
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