A Justiça decretou a prisão preventiva de quatro policiais militares e de um publicitário, acusados de participar de um grupo de extermínio, em Londrina, no Norte do Paraná. As investigações apontam o envolvimento direto dos acusados em pelo menos um homicídio, em que um carroceiro foi assassinado, em março deste ano. De acordo com o pedido de prisão, os policiais teriam “plantado” uma arma junto à vítima, de modo a simular um confronto. Eles já haviam sido detidos temporariamente pela força-tarefa da Polícia Civil, responsável pelas apurações.
Estão presos os policiais Jefferson José de Oliveira, João Paulo Roesner, Júlio César da Silva e Thiago Morales, acusados de homicídio e fraude processual. O publicitário Fábio Antonio Lucena, apontado como “guardador de armas” do grupo, também está detido, sob acusação de posse ilegal de arma de fogo e fraude processual.
A decisão é da juíza Elisabeth Khater, da 1.ª Câmara Criminal de Londrina, que justificou a necessidade da prisão para garantir a ordem pública e a aplicação da lei penal. Ela considerou que, em liberdade, os acusados poderiam atrapalhar as investigações ou fugir. “Atente-se, outrossim, que a prática de crimes de homicídio continua crescente na Região do Norte do Paraná, sendo que a permanência dos réus em liberdade gera insegurança ainda maior na sociedade”, destacou a magistrada.
A prisão preventiva do grupo havia sido pedida pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR), que argumenta que o próprio boletim de ocorrência e o laudo pericial das amas confirmam o assassinato. Conduzidas pela força-tarefa, as investigações contam ainda com grampos telefônicos efetuados com autorização judicial.
As gravações indicam que, logo após a execução, o soldado Jefferson de Oliveira liga para o seu superior e pergunta se ele está “com aquela situação”. Para a força-tarefa e para o MP-PR, o policial se referia a uma pistola .380, que foi colocada junto ao corpo da vítima. Exames balísticos comprovaram que a arma já havia sido utilizada em outras duas execuções ocorridas em janeiro e que são atribuídas ao grupo de extermínio que seria formado por policiais.
Outra gravação mostra o soldado Jefferson telefonando para o publicitário Lucena, também instantes depois do assassinato. O policial pergunta se ele estava com “dois convites”, que para a força-tarefa se tratam de duas armas. Na casa do publicitário, os investigadores apreenderam um revólver calibre 38, uma pistola 9 milímetros e uma espingarda calibre 44, além de dezenas de estojos de cápsulas de .40 – o mesmo calibre usado por forças policiais.
Inicialmente, a força-tarefa da Polícia Civil apontava o envolvimento direto do grupo de extermínio em pelo menos 17 ataques ocorridos em janeiro deste ano, que somaram 17 mortes e 17 feridos. Segundo as investigações, a ação do “esquadrão da morte” envolvia a execução indiscriminada – sem “alvos” pré-estabelecidos –, a adulteração dos locais em que os assassinatos ocorreram e a implantação de armas junto às vítimas, para simular confrontos. Posteriormente, outros ataques passaram a ser investigados. As apurações ainda estão em andamento.
Advogado aponta falta de fundamentação e entra com pedido de habeas corpus
- Felippe Aníbal
O advogado Cláudio Dalledone Júnior, que representa os quatro policiais presos preventivamente, criticou a decisão que decretou a prisão dos agentes. O defensor adiantou que já ingressou com o pedido de habeas corpus, na expectativa de que seus clientes sejam postos em liberdade. “É uma decisão absolutamente sem fundamentação idônea. Não é fática nem jurídica”, resumiu o advogado.
Dalledone Júnior questiona a afirmação de que os policiais pudessem interferir nas investigações ou causar qualquer abalo à ordem pública. “Isso não tem fundamento nenhum. Mas confio na Justiça, que vamos restabelecer a liberdade dos policiais”, acrescentou.
A Gazeta do Povo não conseguiu localizar o advogado do publicitário Fábio Lucena.
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