A Justiça do Rio autorizou nesta quarta-feira (18) que os acusados da morte do cinegrafista Santiago Andrade, durante protesto no centro do Rio, em fevereiro de 2014, sejam soltos e monitorados por meio eletrônico, com uso de tornozeleiras. Caio Silva de Souza e Fábio Raposo não poderão participar de manifestações nem ficar na rua à noite, entre outras medidas cautelares. A liberdade dos dois ativistas será possível porque o Tribunal de Justiça (TJ) atendeu recurso da defesa e desclassificou o crime de homicídio triplamente qualificado. Foi mantida a acusação de explosão seguida de morte, com pena que pode chegar a oito anos de prisão. Caio e Fábio aguardarão o julgamento em liberdade.
O recurso foi julgado nesta quarta-feira na 8.ª Câmara Criminal do Rio. Dois desembargadores votaram a favor do pedido da defesa e apenas o relator votou pela manutenção do crime de homicídio tipicamente qualificado (motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e uso de explosivo), apontado pelo Ministério Público.
O advogado de Caio, Antonio Melchior, disse que a decisão do TJ não significa impunidade. “A acusação de homicídio triplamente qualificado era excessiva e até abusiva. Eles reconhecem que um erro grave foi cometido e vão responder por isso. Mas o que foi apurado até agora foi explosão seguida de morte. Não se trata de impunidade, eles reconhecem a gravidade do fato. Eles vão aguardar o julgamento em liberdade, cumprindo uma série de medidas alternativas à prisão”, afirmou Melchior. Caio e Fábio estão presos no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio. A alvará de soltura foi expedido na tarde de hoje.
O cinegrafista da Rede Bandeirantes Santiago Andrade morreu ao ser atingido na cabeça por um rojão quando cobria uma manifestação no centro do Rio, em fevereiro de 2014. A acusação do Ministério Público sustenta que Fábio e Caio tinham intenção de jogar o rojão no local onde havia pessoas aglomeradas, entre manifestantes, jornalistas e policiais. Os dois ativistas respondem a outra ação criminal, em que são acusados de atos violentos em protestos de 2013. A ativista Eliza Quadros Pinto Sanzi, a Sininho, também ré no processo, é considerada foragida da Justiça.