Cruzeiro do Oeste A juíza Roseli Maria Geller, da comarca de Cruzeiro do Oeste (no Noroeste do estado), determinou ontem a reintegração de posse da fazenda Urupês, ocupada desde segunda-feira pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Três oficiais de Justiça notificaram os sem-terra sobre a decisão judicial, porém o grupo afirmou que não pretende sair pacificamente da área.
O serviço de inteligência da Polícia Militar concluiu ontem mesmo um levantamento da área e o enviou à Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), em Curitiba. O major Dorival Mortean, sub-comandante do 7.º Batalhão da PM em Cruzeiro do Oeste, informou que o cumprimento do mandado de reintegração ocorrerá após análise detalhada do levantamento da área e envio de reforço policial.
A fazenda Urupês pertence a Antônio Sestito desde 1961 e tem 1.730 hectares, onde são criadas 2,5 mil cabeças de gado de corte, segundo informou o proprietário numa entrevista coletiva na casa dele, no centro de Cruzeiro do Oeste. Ele exibiu um laudo do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), feito em junho do ano passado, que atesta a área como "grande propriedade produtiva".
O caseiro e a família continuam na sede da fazenda, mas dividem o espaço com os barracos dos sem-terra. O representante do MST na área, Anderson Kenor, afirma que são 350 famílias acampadas, com cerca de 100 crianças, e adianta que nos próximos dias devem chegar mais 400 famílias. "Nossa intenção é reunir 800 famílias na área para permanecer, resistir e produzir", disse.
Reação
A diretoria do Sindicato Rural de Cruzeiro do Oeste fez uma reunião de emergência anteontem à tarde para discutir a situação e, segundo o presidente, Alberto Paisana, tão logo a reintegração de posse seja cumprida, os produtores vão pedir para os sem-terra se retirarem do município. Paisana disse que vai fazer a proposta baseado na informação de que em Cruzeiro do Oeste não há nenhuma propriedade improdutiva e não há fazendeiros interessados em vender a área para o Incra. Ele adiantou que os produtores estão apreensivos com a situação e preocupados porque o preço da terra também pode sofrer redução no município.
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