Por decisão unânime, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJ) manteve o habeas corpus que permite ao economista paulista Ricardo Barollo responder em liberdade à acusação de assassinato do casal de namorados Bernardo Dayrell Pedroso, 25 anos, e Renata Waechter Ferreira, 21 anos. Dessa forma, a Justiça só poderá decretar prisão preventiva de Barollo se surgirem novos indícios que comprovem tal necessidade.
Dayrell e Renata foram mortos a tiros na BR-476 em Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, no dia 21 de abril de 2009, após uma festa em comemoração ao aniversário do ditador alemão Adolf Hitler (1889-1945). O inquérito, conduzido pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), aponta que a morte foi consequência da disputa interna por poder em um grupo de orientação neonazista com ramificações em São Paulo e nos três estados do Sul.
A prisão preventiva de Barollo foi solicitada pela juíza de Campina Grande do Sul - comarca a que pertence Quatro Barrras e onde será julgado o processo -, Paula Priscila Candeo Haddad Figueira. A alegação era de que em liberdade Barollo poderia coagir testemunhas ou mesmo atrapalhar a coleta de novas provas. Argumento que não foi aceito pela câmara do TJ.
Para os desembargadores Luiz Osório Moraes Panza, Telmo Cherem e Jesus Sarrão, que votaram a favor do habbeas corpus, não há nenhuma prova concreta que sustente a prisão preventiva do economista. Na decisão, os desembargadores levaram em consideração o fato de o acusado, que reside em São Paulo, dispensar o depoimento por carta precatória e se dispor a vir pessoalmente ao fórum de Campina Grande do Sul prestar esclarecimentos à Justiça. "O Tribunal de Justiça manteve a coerência na decisão. Não há nada de objetivo para se declarar a prisão do meu cliente. Apenas especulações e hipóteses abstratas", afirma o advogado de Barollo, Adriano Bretas.
Indignação
A família de Renata, que compareceu à sessão, ficou indignada com a decisão. O pai da moça, o projetista mecânico Amadeu Ferreira Júnior, afirma que se sente ameaçado com a liberdade de Barollo. "Essa decisão foi um tapa na nossa cara, porque a prova maior de que esse rapaz é sim perigoso está no cemitério: o túmulo da minha filha", disse o pai após a audiência.
Ferreira afirma que por medo chegou a mudar de endereço após a morte de Renata. "A gente não dorme mais em paz. Se ele fez isso com minha filha e o namorado dela, pode muito bem mandar fazer o mesmo com outras pessoas da minha família. Não consigo entender como a Justiça não percebe isso", argumenta o pai da vítima.
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