Entrevista com Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella
Como se sente hoje?
Minha vida mudou, mas continuo minha rotina de trabalho e indo à terapia toda semana. Tenho uma amiga com quem desabafo e uma grande ajuda em casa. Sempre lembramos de Isabella, dos seus costumes, do que gostava de comer, de alguma coisa do jeitinho dela. Fotos e ursinhos de Isabella estão por toda a casa. O que mais me deixa triste é não conseguir sentir o cheiro dela, não ter o cheiro dela nas roupas. Penso nela o dia inteiro, tenho fotos e objetos dela no meu trabalho.
O que tem sido mais difícil?
O dia do aniversário dela, 18 de abril, foi muito triste. Tínhamos programado uma festa e ela estava esperando muito o dia do aniversário. Outras datas muito marcantes foram Natal e ano-novo, quando sempre estávamos juntas. Eu me apeguei em Deus.
Consegue esquecer 29 de março de 2008 (dia do crime)?
Não, jamais. É difícil esquecer. A única cobrança que tenho é de não poder estar ali com ela naquele momento, de não poder ter evitado o sofrimento. Lembro da hora em que cheguei no prédio logo após a queda, do momento em que a levávamos para o hospital, do velório e do enterro.
Quais são seus planos?
Planos efetivos, não tenho. Mas ter filhos, com certeza, quero. Se Deus quiser, Ele vai me dar. Mas sou nova, tenho 24 anos. É um projeto longo.
Voltou à escola de Isabella?
Voto naquela escola. Cheguei na porta no primeiro turno das eleições do ano passado e pensei: voto ou justifico? Acabei votando.
São Paulo - O Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a decisão de primeira instância de levar Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá a júri popular pela morte da menina Isabella Nordoni Oliveira, jogada do sexto andar do prédio de Alexandre há um ano. Por unanimidade, os três desembargadores da 4ª Câmara Criminal decidiram ontem também manter o casal preso até o julgamento, que deve ocorrer no início do segundo semestre no Fórum da Barra Funda, o mesmo onde foi julgada Suzane Richthofen, condenada a 39 anos de prisão pela morte dos pais.
A anulação do julgamento foi pedida pelo advogado do casal, Marco Polo Levorin, junto com outras três solicitações de liberdade. Levorin estuda entrar com dois recursos, um no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outro no Supremo Tribunal Federal, para derrubar a decisão do Tribunal de Justiça.
"Não levá-los a júri popular seria contrassenso próximo da aberração diante dos elementos reunidos sobre a materialidade do crime, que é a morte de Isabella, e os indícios mais do que suficientes do envolvimento do casal", disse o relator do processo, desembargador Luis Soares de Mello.
O casal é acusado de matar a menina Isabella em 29 de março do ano passado. Até agora, a defesa pediu 11 habeas corpus em favor do pai e da madrasta de Isabella. Três deles ainda não foram julgados.
Os dois respondem por homicídio doloso triplamente qualificado e por fraude processual (alteração da cena do crime). Segundo a polícia, Isabella, de 5 anos, teria sido estrangulada e depois arremessada do 6º andar do edifício London, na Vila Mazzei, zona norte de São Paulo, onde o pai e a madrasta moravam antes de serem levados para a cadeia de Tremembé, a 140 quilômetros de São Paulo. O casal nega o assassinato.
Em seu parecer, o desembargador Luís Soares de Mello afirmou que a manutenção da prisão é necessária para manter a ordem pública e a credibilidade da Justiça. Desde o início do processo, a estratégia da defesa tem sido adiar ao máximo qualquer decisão sobre o caso. "Vamos questionar os laudos até o fim", anunciou o advogado.
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