A Justiça de Cascavel, no Oeste do Paraná, deve ouvir nesta quinta-feira (28) dez testemunhas de acusação na segunda audiência do caso Syngenta. Em 2007, um confronto entre sem-terra e seguranças na fazenda experimental da multinacional em Santa Tereza do Oeste deixou dois mortos. A primeira audiência foi realizada em janeiro, na ocasião foram ouvidas 16 pessoas em dois dias.
As testemunhas desta quinta-feira não compareceram na primeira audiência ou não foram encontradas pelo oficial de justiça para serem notificadas naquela ocasião. Dezessete pessoas são acusadas no processo. O caso tem aproximadamente 100 testemunhas.
A audiência deve prosseguir na sexta-feira (29) e na segunda-feira (1º) com o depoimento das testemunhas de defesa, que totalizam 68 pessoas. Se todas as pessoas foram ouvidas nestes três dias, ai o processo passará para uma nova fase e então o juiz Juliano Nanuncio, da 1ª Vara Criminal, decidira se o caso vai a júri popular.
Confronto
O confronto que resultou nas duas mortes aconteceu no dia 21 de outubro de 2007, após uma invasão por cerca de 200 integrantes do Movimento dos Sem-Terra (MST) na fazenda da Syngenta. A área, onde a empresa realizava experiências com material geneticamente modificado, havia sido desocupada em julho daquele ano pelos mesmos sem-terra, depois de diversas liminares que determinavam a reintegração de posse.
Na tentativa de impedir a nova invasão, seguranças da empresa NF entraram em confronto com camponeses. Os seguranças presos na época confirmaram a participação no conflito. Eles afirmaram para a polícia terem sido contratados pelo Movimento dos Produtores Rurais para retirar pessoas que tentassem invadir a área.
Quatro seguranças e o dono da empresa NF, que havia sido contratada pela Syngenta, foram presos por conta do confronto. Dois sem-terra também tiveram prisão preventiva decretada, mas não chegaram a ser presos, pois estavam fora do país. Todas as prisões foram revogadas.