Juventude serve de modelo

Acostumados a conviver com rios poluídos e sofrer com alagamentos, estudantes de Almirante Tamandaré, na região metropolitana de Curitiba, viraram "experts" em temas ambientais. Enquanto você lê este texto, eles provavelmente estão mergulhados em atividades da Semana da Água.Alunos do Centro Social Marista Ecológica, essa turma vive em cima do Aquífero Karst, em uma área que deveria ser de preservação, mas onde as ruas são de terra e a coleta de esgoto não chega para todos. Quando há, os próprios vizinhos não colaboram. "Ao invés de conectar o esgoto das casas à rede coletora, as pessoas lançam tudo nos rios", protesta Karina Hernandes Oliveira, 14 anos. "Tem gente que não sabe sobre o aquífero e constrói em áreas de risco", diz Lauro Nunes Junior, 12.

Poluídos

Um dos efeitos imediatos é a poluição dos córregos da região. "Não estou nadando mais, principalmente depois que vi um vizinho jogando lata e arame farpado no rio", conta Eduardo Kostiuk Silva, 14. No próprio pátio do colégio, um lago que é abastecido por um desses riachos está contaminado. "Não estão respeitando ao construir as casas muito perto dos rios e retirando a vegetação", diz Everton Stankuevicz, 14. Já Nicole Kananda de Oliveira Celestino, 12, acredita que falta mais empenho da prefeitura. "O lixo que não é lixo passa uma vez por semana; às vezes nem passa", revela.

Para Karina, o poder público deveria investir em campanhas de conscientização sobre o lixo. Medidas que evitariam sustos e prejuízos para quem vive na região. Como a família de Thiago de Souza, 15 anos, cuja casa foi alagada após fortes chuvas. "Se eles não fecham a torneira [no colégio], eu vou lá e fecho o registro para mostrar como é ficar sem água", revela Jessica Roters, professora de Educação Ambiental. Lições doídas, mas que a meninada tem passado adiante, segundo a coordenadora pedagógica Janesley Rank. "O mais importante é que eles levem isso para dentro de casa."