O presidente da Sabesp, Jerson Kelman, participará nesta quarta-feira (13) de uma nova sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sabesp, instalada na Câmara Municipal de São Paulo. O executivo foi convidado pelo relator da CPI, vereador Nelo Rodolfo (PMDB), para explicar o reajuste de 15,24% na tarifa a ser praticada pela companhia. Os novos preços devem entrar em vigor a partir de junho.
Esta será a segunda vez em que Kelman, presidente da Sabesp desde janeiro passado, será ouvido na CPI da Sabesp. Na primeira oportunidade, em fevereiro passado, o executivo descartou a necessidade de ser adotado um rodízio de abastecimento de água em São Paulo, mas fez ressalvas em relação ao momento enfrentado pelo Estado devido à falta de chuvas.
“Minha percepção é de que não será necessário fazer um rodízio. Fiz contas. Mas não estou afirmando que não terá rodízio”, disse, explicando que o cenário pode ser pior que o imaginado. “Se o pior acontecer, e eu acho que não vai acontecer, a população será avisada com a devida antecedência”, afirmou Kelman dois meses e meio atrás.
O relator da CPI deve voltar a questionar Kelman a respeito das condições de segurança de abastecimento em São Paulo após o fim do verão, época de chuvas. Dados divulgados nesta terça-feira, 12, pela Sabesp apontam que o nível de água armazenada no Cantareira, sistema responsável pelo atendimento de 5,4 milhões de pessoas, é equivalente a 19,8% da capacidade de armazenamento. Um ano atrás, esse índice estava em 8,8%.
Os dados do início de 2014, contudo, não incluíam as duas reservas técnicas incorporadas ao sistema em 16 de maio e 24 de outubro do ano passado.
Nesta terça, a Sabesp divulga três indicadores de armazenamento de água no Cantareira. O mais recente deles, adotado a partir do mês passado, considera a água do volume morto, usada e ainda não recuperada, como um número negativo, dado que fica abaixo do nível zero operacional do sistema. Nessa medição, o Cantareira opera com uma taxa negativa de 9,5%.
Os sistemas que apresentam as taxas de armazenamento mais elevadas são o Rio Grande (96%) e o Guarapiranga (82,4%). Na sequência aparecem o Alto Cotia (67,5%) e o Rio Claro (53,5). A situação mais adversa é vista no sistema Alto Tietê, que registra 23% de capacidade de armazenamento.
A CPI da Sabesp foi instalada em agosto do ano passado e deverá ser concluída no final deste mês. Rodolfo é o relator e o vereador Laércio Benko (PHS), que disputou a eleição a governador de São Paulo no ano passado, é o presidente da CPI.
O reajuste de 15,24% concedido pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) na semana passada ficou aquém dos 22,7% solicitados pela companhia paulista. Em função disso, Kelman afirmou, no mesmo dia, que o reajuste menor obrigaria a Sabesp a atrasar o cronograma de algumas obras. As obras consideradas essenciais, contudo, não devem ser revistas.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), confirmou a declaração dada por Kelman um dia antes. “Nenhuma obra importante vai ser afetada. A Sabesp tem uma grande capacidade de investimento e as obras prioritárias serão mantidas com recursos próprios e com financiamentos já estabelecidos”, afirmou. O governo de São Paulo é o principal acionista da Sabesp, com 50,3% do capital social da companhia.
A obra considerada mais importante neste momento é a transposição de água da Represa Billings para o Sistema Alto Tietê. Prevista inicialmente para estar concluída em julho, a obra deve ficar pronta apenas em setembro.
A Sabesp pretende investir R$ 3,2 bilhões em 2015, montante 26% inferior ao total desembolsado no ano passado. A companhia pretende destinar R$ 1,5 bilhão à área de abastecimento, o que representa uma elevação de 16% na comparação anual. Os investimentos na área de coleta e tratamento de esgoto, por outro lado, devem cair 56% e somarão R$ 843 milhões.
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