Visão geral da fábrica da Klabin em construção: tubulações conectam todos os setores para abastecimento de fluidos e gases.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A paisagem é marcada por áreas de reflorestamento, mas a linha do horizonte é “furada” por “girafas metálicas”: nada menos do que 45 guindastes se destacam em meio à gigantesca construção da fábrica de celulose da Klabin, em Ortigueira, na região central do estado. Do mirante que permite ter uma dimensão da grandiosidade da obra – que ocupa o equivalente a 200 campos de futebol – os 12,5 mil operários parecem formiguinhas. A quantidade de trabalhadores é maior do que o número de habitantes em 242 cidades paranaenses.

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A Klabin está construindo uma das maiores fábricas de celulose do mundo. Chamado de Projeto Puma, é o maior empreendimento privado em desenvolvimento no Paraná. Só a obra deve consumir R$ 5,8 bilhões. Mas ainda estão na conta os R$ 2 bilhões em ativos florestais – somados, os valores são semelhantes ao orçamento da prefeitura de Curitiba. Só em áreas de reflorestamento são 243 mil hectares – equivalente a cinco vezes o tamanho da capital paranaense.

Em meio à terra vermelha, se destacam também o brilho das armações metálicas e o cinza das estruturas de concreto. A fábrica toda é interligada por “pipe racks”, tubulações que abastecem fluidos e gases. Os canos, em linha reta, chegariam a 6,2 quilômetros. Já em concreto, foram descarregados 26 mil caminhões. Os 214 mil metros cúbicos seriam suficientes para fazer três Maracanãs. Uma torre de 160 metros se destaca no canteiro de obras. É do tamanho de um prédio de 55 andares – não há nenhum dessa altura em Curitiba e, para efeito comparativo, a torre panorâmica, conhecida como Torre da Telepar, tem 50 metros a menos.

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Para evitar o tráfego de 400 caminhões por dia nas rodovias da região e ao mesmo tempo melhorar o acesso à fábrica, a Klabin está construindo as estradas que vai usar. Os 37 quilômetros de asfalto que estão sendo feitos em curto prazo representam a maior obra rodoviária do ano no Paraná. Além disso, um viaduto de ligação com a BR-376 está em execução, além um ramal ferroviário de 18 quilômetros. Os investimentos de agora representarão desconto em impostos estaduais no futuro.

Cerca de 200 ônibus passam o dia estacionados em frente ao canteiro de obras. Nos veículos, uma programação própria de rádio abastece os funcionários com informações no trajeto até o alojamento – a maior parte dos operários está alojada em Telêmaco Borba e o restante em Ortigueira. Por dia, 8 mil quilos de comida e 3 mil litros de café são consumidos nos refeitórios.

Neste momento, com o pico no número de funcionários, 75% do projeto foi alcançado. A previsão é de que a fábrica comece a operar em março de 2016, com 1,4 mil empregados. Em impostos, R$ 700 milhões devem ser recolhidos durante a obra e, depois do início do funcionamento, R$ 300 milhões ao ano.

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Celulose?

Uma fibra que existe na madeira é usada na fabricação de papel. É a celulose. A fábrica da Klabin que está sendo construída em Ortigueira deve produzir uma pasta que é base no processo de produção. Para isso, duas linhas de produção devem operar: uma para fibras longas (de pinus, usada em embalagens e outros papeis mais resistentes) e fibras curtas (de eucaliptos, aplicada para papeis de escritório e sanitários). Também deverá ser produzido fluff (celulose utilizada na produção de fraldas descartáveis e absorventes). Atualmente, todo o material desse tipo é importado. A capacidade de produção da fábrica é de 1,5 milhão de toneladas de celulose. Além de abastecer as demais plantas fabris da Klabin, o produto será vendido para outras papeleiras – como a negociação prévia que já teria sido feita com a Fibria. A Klabin é uma das poucas empresas do ramo que está investindo em ampliações. Quando a Klabin decidiu expandir a fábrica de Telêmaco Borba, entre 2006 e 2008, havia 12 anos que nenhuma nova máquina de fabricação de papel era instalada no mundo. O regime de chuvas nas proximidades da fábrica transforma o lugar em uma das melhores áreas do planeta para o crescimento de árvores de reflorestamento. Algumas são cortadas apenas seis anos após o plantio.

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