Brasília O ministro da Justiça, Tarso Genro, empossou ontem o novo diretor da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa. No discurso, Tarso elogiou o antecessor de Corrêa, Paulo Lacerda, que assume o comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
Segundo o ministro, Lacerda esteve à frente da PF por 4,9 anos, num "período conturbado". Ele se referiu às 15 operações policiais realizadas durante a gestão de Lacerda que envolveram denúncias sobre políticos e empresários em todo o país.
No discurso, Corrêa destacou que não existe disputa nem grupos na PF. "Se quiserem nos dividir em grupos, não nos dividirão", afirmou o novo diretor, que deixa a Secretaria Nacional de Segurança Pública.
O novo diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Paulo Lacerda, disse ser favorável que o órgão possa fazer, em casos excepcionais, escutas telefônicas. Os casos "especialíssimos", segundo ele, seriam casos de suspeita de terrorismo e sabotagem. "Em casos especialíssimos, com extremo rigor, penso que esse tipo de instrumento deve ser permitido à Abin", disse Lacerda.
A proposta foi recebida com ceticismo, preocupação e temor por juristas. "A Abin é um órgão estreitamente ligado ao governo e isso vai criar uma situação cada vez maior de abusos e excessos", adverte o criminalista Tales Castelo Branco. Segundo ele, muito dificilmente os juízes indeferem pedidos de escuta.
"É preocupante porque o governo procura cada vez mais se acercar de medidas perigosas para a sociedade, violando a intimidade do cidadão", depõe o desembargador Sebastião Luís Amorim, presidente da Associação Paulista dos Magistrados.