Curitiba e Guaíra - A cada 25 minutos, um veículo é roubado no Paraná. Ao todo, 10.021 carros, motos e caminhões foram levados no primeiro semestre deste ano contra 9,7 mil no mesmo período de 2009, segundo dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). Cerca de 40% dos roubos ocorreram em Curitiba. Em média, 55 veículos são alvo de ladrões por dia no estado. Em 2010, seis em cada dez foram recuperados.
A situação no interior é melhor quando comparada à da capital. Sem Curitiba, o índice de recuperação de veículos cresce para 71% e o número de carros roubados praticamente se mantém estável, com uma oscilação de apenas 1%. Mas quando o recorte inclui só a capital, os dados são mais preocupantes: a polícia conseguiu reaver apenas 45% dos automóveis levados. Em 2009, o índice foi de 47,5%. Já a quantidade total de ocorrências cresceu 5%, acompanhando o aumento da frota curitibana no último ano.
Análise
O delegado titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV) de Curitiba, Naylor Robert, diz que o índice de roubos na capital paranaense em relação ao contigente de veículos nas ruas é de 0,4%. Porcentual considerado baixo, segundo ele. O Rio de Janeiro, por exemplo, cuja frota é de 4 milhões, teve 25 mil carros levados em 2009: índice de 0,6%. "Levando em conta o tamanho da frota, pode-se dizer que Curitiba tem um dos menores índices de roubo de carros do Brasil", afirma. De acordo com o Sindicato das Seguradoras do Paraná e do Mato Grosso do Sul (Sindseg-PR/MS), a maior incidência de roubos ocorre nos bairros do Batel, Água Verde, Jardim das Américas e Cabral.
O bom resultado do interior, no entanto, até surpreende em razão do alto índice de veículos levados para o Paraguai. Conforme o delegado Laercio Cardoso Sahur, da DFRV de Maringá, a queda dos roubos no interior se deve à prisão de quadrilhas ligadas a desmanches. "Em 2010, houve maior índice de prisões e, consequentemente, recuperamos mais carros e motos", afirma. Segundo ele, a dificuldade de resgate cresce quando o veículo é tirado da cidade. "Maringá não é tão distante assim do Paraguai (275 quilômetros, via Guaíra). Por meio de desvios, eles saem do país pelo Lago de Itaipu."
Chefe da delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Guaíra, Marcos Bonache diz que um alarme dispara se um veículo roubado trafegar pela ponte. Ele reconhece, porém, que ladrões usam outros meios para transportar os veículos. "A procura maior é pelas motos", diz Sahur. Há uma explicação para a nova demanda. Em Salto del Guairá, no Paraguai, as motos estão autorizadas a rodar sem placas. Até os guardas municipais fazem rondas usando veículos não identificados. Portanto, uma moto roubada no Brasil pode "esquentar" do outro lado da fronteira.
Mais visados
Os carros mais visados pelos assaltantes são os que existem em maior número no mercado. "Os roubos acontecem para negociar peças. Sempre que a polícia encontra problemas relacionados a isso, age com rigor para evitar a propagação do negócio. O mesmo acontece com as motos", esclarece Sahur. O delegado Robert ressalta a necessidade de a população não comprar peças sem procedência para não alimentar os roubos. "É muito importante solicitar a nota das peças", diz.
Conforme o Sindseg-PR/MS, os veículos segurados com maior índice de roubos são Gol 1.0, Palio, Corsa 1.0, Celta 1.0, Uno, Astra e Peugeot 206. E as motos já começam a ocupar uma fatia do "mercado". "O roubo de motocicletas cresce na mesma proporção de sua entrada na frota circulante", diz Ramiro Fernandes Dias, diretor-executivo do Sindseg-PR/MS.
Interatividade
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