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Laudos comprovam agressões em presos que acusam Gaeco de tortura

Dois homens, detidos pela polícia, estiveram no último dia 19- acompanhados de seu advogado de defesa, Cleverson Greboggi Cordeiro (de frente, na foto) - para fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal, em Curitiba. Eles acusam policiais do Gaeco de tortura | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Dois homens, detidos pela polícia, estiveram no último dia 19- acompanhados de seu advogado de defesa, Cleverson Greboggi Cordeiro (de frente, na foto) - para fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal, em Curitiba. Eles acusam policiais do Gaeco de tortura (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

Laudos do Instituto Médico Legal (IML) comprovam que os dois homens presos na última quarta-feira (18), em uma chácara na Estrada das Pedreiras em Piraquara, sofreram agressões. Eles acusam policiais do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público) de tortura. Os documentos, divulgados nesta sexta-feira (27), apontam que os detidos apresentavam diversos machucados causados pelo uso de um "instrumento contundente."

Um adolescente, apreendido no mesmo local, também teria sofrido agressões. Porém, ainda não foi tornado público o exame de corpo de delito realizado no jovem. Ele e os dois homens, identificados apenas pelas iniciais R.V. e J.S., foram detidos durante uma operação organizada para cumprir um mandado de prisão temporária contra um deles, investigado pelo Gaeco de Santa Catarina. Uma equipe policial do Gaeco do Paraná e integrantes da Comandos e Operações Especiais (COE), grupo de elite da Polícia Militar (PM), deram apoio para efetuar a prisão.

O laudo de J.S., assinado pela médica legista Rosane Mary Mobius Gebran, identifica sinais de agressão na região dos glúteos, na lombar e na coxa direita. Já a perícia em R.V. descreve marcas de violência na cabeça, na região lombar e na planta do pé esquerdo. Este último preso alega que foi espancado com o uso de uma ripa de madeira.

A perita solicitou prazo de 30 dias para determinar se as escoriações em R.V. causaram perigo de vida ou debilidade permanente. Isso porque R.V. teria relatado dores na mandíbula durante a realização do exame, segundo o advogado Cleverson Greboggi Cordeiro, que representa os presos . "Ela ficou na dúvida se houve fratura do osso da mandíbula ou não. O IML não fez (exame) de Raio-X porque não tem aparelho para vivos, só para cadáveres" falou. O preso relatou no laudo ter fraturado a mandíbula há quatro anos e suspeita-se que possa ter havido nova lesão.

Cordeiro disse ainda que parte dos possíveis agressores já teriam sido identificados pelos dois homens e criticou a falta de informações do Gaeco, que realiza uma investigação para apurar a denúncia de tortura. "Já sabe-se quem são aos agressores, mas o Gaeco silenciou. Não passou mais nada." " Devemos relatar o caso para a Comissão de Diretos Humanos da Câmara (dos Deputados) para auxiliar na investigação e fazer um acompanhamento", acrescentou o advogado.

O coordenador do Gaeco no Paraná, Leonir Batisti, foi procurado para comentar o resultado dos laudos e relatar o andamento da investigação. Porém, ele disse que ainda não tinha visto as perícias e não comentaria o caso para não atrapalhar a apuração.

Álbum de fotografias

No último dia 20, os dois homens presos reconheceram policiais que teriam torturado o grupo durante a detenção. Eles teriam confirmado que parte dos agressores é da equipe do Gaeco do Paraná.

O reconhecimento foi feito com o uso de um álbum de fotografias. O depoimento deles foi tomado por um promotor do Gaeco no Centro de Triagem II (CT-II), em Piraquara.

Ripa de madeira

A suspeita de tortura foi tornada pública no último dia 19 pelo advogado dos presos e pela Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR).

Um dos presos contou que eles ouviram barulhos vindos da entrada da chácara antes do amanhecer. Com a confusão, o menor de idade, pensando se tratar de um assalto, teria pegado uma arma. Depois dos policiais terem controlado a situação, teria começado a tortura. "Eles me bateram com uma ripa (de madeira) na barriga e ficavam me espancando na cabeça." R.V. é de Blumenau e estava sendo procurado para o cumprimento do mandado de prisão.

O outro preso afirmou que os policiais o deixaram despido na frente da família. A vítima alega que foi forçada a dizer que era o responsável pela arma que estava em posse do menor. "Eles ameaçavam bater na minha esposa e na minha mãe se eu não assumisse". J.S. alega que a arma não lhe pertence, e sim ao adolescente, e que eles mantêm essa arma na propriedade rural para se defender. Ele foi detido por porte ilegal de arma de fogo.

Os nomes não foram divulgados a pedido da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR. Na chácara, três armas teriam sido apreendidas com o grupo. Uma espingarda carrucha e duas armas de pequeno porte, possivelmente um revolver e uma pistola, de acordo com o advogados dos presos, Cleverson Greboggi Cordeiro.

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