Análise
Caso coloca prática da delação premiada em xeque
A presença de figuras reincidentes durante as prisões da operação "Lava-Jato", deflagrada pela Polícia Federal (PF) na segunda-feira, coloca em dúvida a real necessidade de implementar acordos de delações premiadas com determinados suspeitos. Apesar de o instrumento ajudar em inúmeras investigações, no caso do doleiro Alberto Youssef, por exemplo, houve uma quebra do acordo, segundo o delegado-chefe da unidade regional de combate ao crime organizado da PF, Igor Romário de Paula. Além de Youssef, todos os outros doleiros presos também já haviam sido condenados por crimes contra o sistema financeiro.
"Mas havia um interesse da Justiça em chegar aos clientes deles. O acordo foi intermediado pelo Ministério Público Federal e homologado pela Justiça Federal. Havia interesse em saber quem eram os beneficiados", conta o delegado. Apesar disso, Romário explica que há contribuições relativas e, às vezes, mínimas, que podem não valer a pena.
"Talvez a punição não tenha sido suficiente. A gente tem observado que os doleiros sempre voltam a atuar e se recompõem em algum tempo. O Youssef foi a mesma coisa. Ele teoricamente teria saído do mercado. Depois firmou acordos, foi ouvido centenas de vezes na PF, foi acompanhado por algum tempo, mas aparentemente tinha parado. Aí em um espaço de quase três anos, se detectou que ele voltou a operar", relata o delegado, lembrando que o doleiro é investigado por montantes tão grandes quanto pelos os que foi investigado na CPI do Banestado.
Banestado
O montante supostamente lavado pelo esquema da operação "Lava-Jato" começa a chegar perto de outro grande caso. Até agora, a Polícia Federal já identificou R$ 10 bilhões remetidos ao exterior. No caso Banestado estima-se que as remessas de dólares tenham beirado os R$ 28 bilhões.
A operação "Lava-Jato", da Polícia Federal (PF), que prendeu 24 pessoas em sete estados, na última segunda-feira, por crimes contra o sistema financeiro, deverá reacender fatos ligados ao mensalão esquema ilegal de financiamento político usado para corromper parlamentares durante o primeiro mandato do ex-presidente Lula.
A investigação da PF pretende provar que Alberto Youssef era o principal proprietário da corretora Bônus Banval, e não Enivaldo Quadrado. A corretora foi responsável por diversas transações investigadas durante a apuração sobre os mensaleiros. Segundo a polícia, Quadrado é um "laranja" do doleiro. Os dois estão entre os presos na operação deflagrada na segunda-feira.
"[A investigação] provavelmente vai levar à constatação de que a Bônus era dele. O Youssef foi ouvido na CPI dos Correios e negou que tivesse qualquer relação com a corretora. Mas isso vai ser melhor esclarecido nos próximos dias e vai ficar bem claro que, na verdade, não era isso. Que ele [Youssef] realmente movimentou recursos ligados ao grupo objeto da ação penal do caso do mensalão", afirma o delegado regional da unidade de combate ao crime organizado no Paraná, Igor Romário de Paula. Ele e o delegado federal Márcio Anselmo são os responsáveis pela operação "Lava-Jato".
Durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, em 2005, Youssef chegou a negar em depoimento que tinha ligações com a Bônus Banval. Ano passado, Quadrado, suposto proprietário da corretora, foi condenado por diversas operações realizadas pela empresa no julgamento do mensalão. O Ministério Público Federal (MPF) denunciou Quadrado, na época, por ter recebido R$ 11 milhões do "valerioduto" para ser distribuído a parlamentares do Partido Progressista (PP).
"Ele [Enivaldo Quadrado] está sendo investigado por atuar como um laranja. É praticamente um laranja do Youssef. Muitas operações foram atribuídas a ele, proprietário da Bônus Banval, mas o responsável por elas era o Youssef", diz o delegado.
Durante a tarde de ontem, a reportagem chegou a conversar com o advogado Antônio Sérgio Pitombo, que defendeu Quadrado no julgamento do mensalão. Até aquele momento, Pitombo não havia sido constituído como defensor de Quadrado. Quando do primeiro contato, a reportagem ainda não tinha as informações sobre a relação com o caso do mensalão. Ao tentar conversar com Pitombo novamente, o celular do advogado já estava desligado. A reportagem também não conseguiu localizar o defensor de Youssef.
Entre os fatos investigados pela PF está o pagamento feito por Youssef ao ex-diretor de abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto da Costa, em março de 2013. Segundo o delegado, Youssef deu uma caminhonete Land Rover ao ex-diretor. A PF investiga o motivo. "Que ele [Youssef] pagou para o Paulo, pagou. Naturalmente não é algo lícito, se não, não teria porque ser pago dessa forma", diz o delegado. A reportagem tentou também, sem sucesso, localizar Costa.
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