Rotas
Ligação entre Viamão e Sorocaba foi o principal caminho
O caminho que ficou conhecido como a principal rota de passagem dos tropeiros ligava Viamão, no Rio Grande do Sul, a Sorocaba, em São Paulo. Era por esse trajeto que os tropeiros levavam mulas e outros produtos para a Região Sudeste do Brasil.
De Sorocaba, os comerciantes vendiam os animais para Minas Gerais, já que as mulas eram muito importantes para o trabalho ligado à exploração mineral e outras atividades que requeriam tração animal. Na época, a exploração de ouro em Minas havia se intensificado e a população local não se dedicava à pecuária e à agricultura.
O pesquisador Carlos Solera explica que pelo menos três caminhos (veja infográfico) foram utilizados com maior frequência pelos tropeiros. Havia o Caminho das Tropas de Viamão a Sorocaba, passando pela serra do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, depois pelos Campos Gerais até chegar ao estado de São Paulo.
"Posteriormente veio outra rota que passava por União da Vitória e também vinha a Ponta Grossa. Outro caminho se deu no Rio Grande do Sul que ia de Viamão para Cruz Alta, região das Missões e dali passavam pelo oeste de Santa Catarina e do Paraná em direção a Ponta Grossa", conta Solera.
Carteiros
O primeiro "serviço de correio" da história nacional foi desempenhado pelos tropeiros, que também traziam e levavam encomendas para as localidades, que só eram acessadas inicialmente pelos caminhos das tropas. Como iam de um ponto a outro no país, levavam também mercadorias, cartas, encomendas, notícias, dinheiro etc.
O fim
Os tropeiros percorriam em média de 15 a 30 quilômetros por dia e a última tropa teria sido registrada em meados de 1915. As principais causas para o fim do tropeirismo foram melhorias introduzidas nos sistemas de transporte nacional, principalmente a instalação da rede ferroviária nacional e, na sequência, a construção das primeiras rodovias.
Sobre o lombo das mulas, os tropeiros começaram a redesenhar o mapa do Brasil. O movimento, que começou por volta de 1730, registrou até o seu ápice, em 1897, quase 4 milhões de muares que foram do Rio Grande do Sul até a região de Sorocaba. Ao longo dos caminhos das tropas, diversas fazendas, chamadas de invernadas, eram alugadas para os animais se alimentarem e as tropas descansarem. Ao redor desses locais, muitas cidades foram surgindo, como Castro, Curitibanos, Ponta Grossa, Rio Negro e Lapa.
INFOGRÁFICO: Veja as três principais rotas dos tropeiros
Em média, cada cidade que se originou devido à passagem das tropas está distante o equivalente a um dia de viagem dos tropeiros. Estima-se que mil municípios foram formados devido à passagem dos tropeiros. Isso aconteceu porque as pessoas que iam para aquelas localidades vender mercadorias e prestar serviços de seleiros e ferreiros acabavam se fixando próximo a algumas das invernadas.
Outro fato fundamental decorrente do tropeirismo foi a aproximação da Região Sul com o restante do país principalmente o Rio Grande do Sul, que era um território com fronteiras incertas. "Sem os tropeiros, o Brasil não teria o Sul. Eu, por exemplo, não estaria por aqui e, se estivesse lhe respondendo sobre outro assunto, seria em espanhol", afirma o pesquisador do tema Márcio Assad.
Para o também pesquisador Carlos Solera, autor de dois livros sobre o assunto, "se hoje falamos uma linguagem única em nosso país, o português, isso se deve às caminhadas das tropas". "Também a gastronomia, músicas, danças, religiosidade, ofícios, indumentária, tudo isso recebeu forte impacto da atividade tropeira. Outro fator importante foi a formação de novos ramos familiares, pois tropeiros em suas andanças conheciam moças por onde passavam e acabavam se casando, dando origem a novas famílias", explica.
Legado
O legado do movimento é tão significativo que um projeto que será analisado pela Unesco pode transformar o tropeirismo como patrimônio cultural da humanidade. O projeto, elaborado por Solera, em parceria com a Universidade de Girona, da Espanha, levará de três a cinco anos para estar finalizado e formatará um grande banco de dados.
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