Para especialistas no assunto, as regras da Reformas Psiquiátricas são boas, mas não vêm sendo colocadas em prática. Segundo o procurador da Justiça Marco Antônio Teixeira, que coordena o Centro de Apoio Operacional às Promotorias da Saúde Pública, faltou planejamento estratégico antes da aplicação. Os leitos psiquiátricos foram sendo fechados sem que antes a estrutura que poderia substituí-los ficasse pronta.
Um ano depois da lei, o Ministério da Saúde previa o encerramento dos leitos à medida que os serviços intermediários fossem implementados. Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e áreas ambulatoriais para atendimento a portadores de doença mental nos hospitais dariam amparo aos pacientes. Entretanto, o fechamento dos leitos e a implantação dos serviços ocorreram em velocidades diferentes, segundo o Ministério Público. Em 2002, por exemplo, cerca de 1,7 mil leitos foram fechados, de acordo com a Fehospar, e 15 CAPs foram criados.
Hoje, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, o Paraná conta com 38 CAPs e 554 leitos em hospital geral e em hospital-dia. A previsão é de que até o fim do ano, mais 43 centros sejam implantados. A Fehospar e o MP consideram pouco e estimam que para atender satisfatoriamente a demanda deveriam existir cerca de 150.
A Reforma Psiquiátrica também indicava que os internamentos só seriam feitos se os serviços extra-hospitalares fossem insuficientes. É nesse ponto que a questão emperra, segundo o presidente da Fehospar, José Francisco Schiavon. "Os pacientes que precisam de internamento continuam sendo os mesmos, a diferença é que não tem vaga para todos", diz.