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Em vigência há seis dias, a lei municipal antifumo de Curitiba tem gerado surpresa a muitos fumantes usuários do transporte coletivo que ainda não sabem que a proibição também é válida nos terminais - o texto proíbe o fumo em ambientes fechados e de uso coletivo. Se for constatada a presença de fumantes nos terminais, a multa recai sobre a Urbs, a empresa responsável pelo transporte público da capital.
Para reforçar a proibição, fiscais da Secretaria Municipal de Saúde e da Urbs percorrerão os terminais a partir de segunda-feira, entregando folhetos. O trabalho começa às 6h30 nos terminais de Santa Felicidade, Campina do Siqueira e Campo Comprido. Na sequência, serão fiscalizados os outros 18 terminais.
Ontem, não era difícil encontrar pessoas fumando enquanto esperavam os ônibus. Em menos de 20 minutos, a reportagem encontrou cinco pessoas com cigarros acesos no Terminal do Boqueirão. Uma delas era a fotógrafa Zélia Teixeira Roberta, 42 anos, que fumava em um canto distante das filas. "Acho exagero aplicar essa lei nos terminais, que são lugares abertos e arejados. E eu nunca fumo na fila, sempre me afasto para não incomodar ninguém", afirmou Zélia.
A estudante A. C. N., 20 anos, também fumava enquanto esperava o ônibus no Terminal Boqueirão. Ela reclamou da falta de sinalização. Ontem, havia apenas adesivos da proibição nas vitrines das lojas do terminal. Nas plataformas de ônibus não havia indicações. "Se tivesse visto alguma placa, não teria acendido o cigarro", disse. A Urbs informou que nos próximos dias instalará mais 22 placas nas plataformas. Ontem, segundo a Urbs, havia apenas cinco placas.
Já a professora Magda Simone dos Santos, 46 anos, sabia da lei. Mesmo assim, fumava no Terminal Hauer, sentada em frente à placa. "Pretendo continuar fumando nos terminais. Acho essa lei muito rigorosa. O terminal é aberto. Além disso, pego quatro ônibus para ir e quatro para voltar. Como vou conseguir esperar tanto ônibus sem um cigarrinho?", questionou.
O cobrador de ônibus Durval Pereira da Silva, 54 anos, fumante há 30, vê na proibição o empurrão para largar o vício. Ontem, no Boqueirão, ele carregava a carteira de cigarros comprada na quinta-feira de manhã ainda cheia. Se não fosse a lei, afirma, ela já teria acabado. "Agora, quando sinto vontade de fumar, meto água para dentro do organismo", disse. Quando conversou com a reportagem, por volta das 15h30, o cobrador havia fumado apenas um cigarro durante o dia, em casa.
Outro que estava contente com a proibição era o varredor Aparecido de Freitas Barbosa, 53 anos. Com a proibição, afirma Barbosa, o número de bitucas no chão do Terminal Boqueirão diminuiu aproximadamente pela metade. "O serviço que eu levava antes uma hora para fazer, agora faço em meia hora", comparou.
O fiscal da Urbs Ronam Mendes confirmou que muitos usuários ainda não sabem da proibição. Mesmo assim, disse que não está havendo problemas na fiscalização. "Hoje (ontem) abordei umas 15 pessoas e nenhuma se negou a apagar o cigarro."
Autuação
Fiscais da Secretaria Municipal de Saúde autuaram mais um bar na noite de quinta-feira. O Bar Havana, em frente à Pontifícia Universidade Católica, no bairro Prado Velho, foi o terceiro estabelecimento multado desde o início da fiscalização, na segunda-feira. De acordo com assessoria da Secretaria, no momento em que os fiscais chegaram havia vários clientes fumando no local.