| Foto: Henry Milleo/ Gazeta do Povo

O endurecimento da Lei Seca tem sido capaz de desestimular a combinação nefasta entre álcool e direção. Desde 2012, quando uma alteração no Código Brasileiro de Trânsito tornou a norma mais severa, o índice de pessoas que assumiram ter dirigido depois de ter consumido bebidas alcoólicas diminuiu 15,7%, segundo a Vigitel, pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde nas capitais de todos os estados. O levantamento aponta que 5,9% dos brasileiros estiveram ao volante logo depois de terem bebido.

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No ranking das capitais, Curitiba aparece na metade da tabela (veja o infográfico). Em 2012, um índice de 8,5% dos entrevistados confessaram ter ingerido álcool e dirigido. No ano passado, o número caiu para 7%. Em Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE), o volume de pessoas que reconheceram ter assumido o banco do motorista após terem tomado álcool foi bem menor: de 3%. A pior colocada na lista é Florianópolis (SC), onde 14% dos consultados disseram ter bebido e conduzido veículos.

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A redução pode parecer pequena, mas especialistas em trânsito comemoraram os efeitos da nova Lei Seca, principalmente porque o fenômeno está diretamente relacionado à preservação de vidas e aponta o início de uma mudança de cultura. “É preciso ir além da rigidez da lei. Temos que afetar a tomada de consciência dos condutores, no que diz respeito a não dirigir quando beber”, disse Dayse Tonial, coordenadora técnica do Instituto Paz no Trânsito (IPTran).

Entre as medidas que endureceram a Lei Seca em 2012, está o reforço dos instrumentos de fiscalização. Depoimento de testemunhas, vídeos e fotografias passaram a ser aceitos como provas de que um condutor dirigia sob efeito do álcool. O resultado disso é o aumento do número de prisões por embriaguez ao volante. No primeiro semestre deste ano, 1.670 pessoas foram detidas por este motivo no Paraná: alta de 3%, em relação ao mesmo período de 2014.

“Com o advento da nova Lei Seca, pudemos flagrar motoristas que antes se safavam, mesmo que estivessem dirigindo bêbados. Antes, eles diziam que não soprariam o bafômetro e pronto. Agora, não. Esse condutor hoje é multado e pode ficar preso. As mudanças deram mais elementos para a fiscalização”, afirmou o chefe de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Paraná, Wilson Martinez.

Educação é a chave para mudar cultura, apontam especialistas

As contribuições das mudanças da Lei Seca vão além dos novos instrumentos de fiscalização. Especialistas destacam que, além das sanções severas, a nova legislação têm tido um caráter pedagógico. E é justamente em ações de cunho educativo que eles apostam para consolidar uma cultura em que os condutores desconsiderem dirigir após ter bebido qualquer

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Além disso, as alterações da lei preveem sanções que pesam no bolso do infrator. A multa para quem dirigir e pegar o volante subiu de R$ 957,70 para R$ 1.915,50. Em caso de reincidência, o valor dobra. O motorista ainda perde o direito de dirigir por um período de 12 meses. “Hoje, o motorista que é parado em uma blitz quer soprar o bafômetro para provar que não bebeu. Aos poucos e apesar de ainda ter muito por fazer, estamos revertendo a cultura de beber e dirigir”, avaliou Martinez.

Bêbados ao volante mataram 146 neste ano

O levantamento mais recente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta que até abril deste ano 146 pessoas morreram no Brasil e outras 552 ficaram feridas em acidentes que envolveram motoristas em estado de embriaguez. No período foram registrados 2.220 desastres nas rodovias federais, causados pela combinação de bebidas e volante. No ano passado, os desastres provocados pelo álcool mataram 508 pessoas e feriram gravemente outras 1.901.

Apesar dos números assustadores, os acidentes causados por influência de bebidas alcoólicas vêm diminuindo. Em 2012, foram 7.594 desastres provocados por motoristas embriagados. Em 2013, registraram-se 7.526. No ano passado, 7.391.

O Paraná terminou o primeiro trimestre do ano com 350 pessoas vítimas de homicídios culposos de trânsito, segundo a Secretaria de Segurança Pública. O número inclui todos os tipos de ocorrências, não só as causadas por condutores embriagados. No mesmo período, 350 motoristas foram indiciados por provocar os acidentes.

A Organização Mundial de Saúde estima que, a cada ano, 1,2 milhão de pessoas percam a vida em sinistros de trânsito no mundo, com saldo de 30 milhões a 50 milhões de feridos. O prejuízo causado pelos acidentes é estimado em US$ 1,8 trilhão por ano.