Lesões pouco conhecidas nas folhas da soja fazem pesquisadores e produtores reforçarem o monitoramento das lavouras no Paraná. O fenômeno dificulta a constatação da ferrugem asiática, por apresentar sintomas parecidos, e leva os produtores a aplicarem fungicida sem necessidade.
As lesões apareceram em lavouras paranaenses de Cambará, Cambé, Faxinal, Ibiporã, Londrina, Rio Bom, São Pedro do Ivaí e Tuneiras do Oeste. No Mato Grosso do Sul, o problema foi constatado em Maracaju.
O fenômeno não é uma doença, afirma a pesquisadora Claudine Seixas, da Embrapa Soja. Ela considera que não há uma causa definida e não é necessário tomar providências imediatas (como ocorre na ferrugem), por não haver prejuízos.
É a primeira vez que as lesões, identificadas na década de 90, surgem com intensidade no Brasil. As ocorrências afetam soja convencional e transgênica. As folhas apresentam falhas circulares marrons, com o centro mais claro. Segundo a Embrapa, pesquisas do especialista Daniel Ploper mostram que essas lesões ocorrem há 15 anos na Argentina e na Bolívia, onde não houve perdas. As pesquisas ainda estão na fase inicial.
O problema é controlar a ferrugem. Nesta safra, o Paraná é o estado que mais detecta casos da doença que é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi e pode provocar prejuízo de até 70% se não for controlada. Até ontem, havia 198 casos 53% das 372 constatações em âmbito nacional. Nesta mesma época do ano passado, o estado tinha detectado 100 casos a menos e o país, 15 a mais. Os produtores do estado estão aplicando fungicidas antes de as folhas caírem, salvando a lavoura.
Com medo da ferrugem, produtores de soja do Centro-Sul pulverizam a soja antes da ocorrência de focos de ferrugem na vizinhança. Vicente Roginski, de Irati, considera melhor gastar em prevenção do que enfrentar prejuízo. Na região de Noroeste, associados da Cocamar passaram o dia ontem nas lavouras. A chuva dos últimos dias dificultou o monitoramento das lavouras e pode ter facilitado a expansão da ferrugem.