Nas redes sociais, têm sido compartilhados xingamentos e acusações de conivência com o tráfico, ao lado de imagens e áudios atribuídos à jovem vítima de estupro coletivo. Um funk que a insulta já tem mais de 60 mil visualizações. A letra, cheia de palavrões, lista homens que a teriam violado, com referências geográficas do Morro da Barão, onde aconteceu o crime, e cercanias: “o menor do bairro 13”, “o moleque da Menezes”, “o moleque da Assembleia”, “o menor da Baronesa”.
A música se chama “Não fala da (apelido da menina), a (apelido) fortalece” e tem como subtítulo “X. (o órgão sexual feminino) de tunil (modo como foi escrita a palavra túnel)”. Está no ar desde a sexta-feira passada, em diferentes montagens, ora com fotos que seriam dela, retiradas do Facebook, ora com fotos de quem a postou. Usuários do YouTube, homens e mulheres, elogiaram a música e postaram comentários jocosos.
Sob a justificativa de que o inquérito corre sob sigilo de Justiça, por se tratar de uma menor, a Polícia Civil não confirmou se investiga a autoria dos vídeos e comentários. Procurado pelo Estado, o Google, dono do YouTube, não confirmou se vai tirar os vídeos do ar - a medida dependeria de ordem judicial. “Se uma pessoa se sente ofendida por algum conteúdo postado, é possível fazer uma notificação por meio da ferramenta de denúncia”, diz, em nota oficial.
Com vivência na Justiça da Infância e Juventude, o desembargador Siro Darlan disse que quem divulgou imagens da vítima nua infringiu o Estatuto da Criança e do Adolescente. Isso pode resultar em até 8 anos de prisão.
Autor do livro Batidão - uma história do funk, o jornalista Silvio Essinger lembrou que o ritmo é historicamente machista. “Existem músicas terríveis que retratam a mulher como objeto sexual, de forma explícita, mas o machismo não existe só no funk ou na favela.”
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