Brasília (AE) Um dos homens fortes do Ministério da Fazenda e guardião ferrenho do caixa do governo e do ajuste fiscal, o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, confirmou ontem que deixará o cargo para assumir a vice-presidência de Finanças e Administração do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A sua saída já era esperada antes mesmo da demissão do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, mas o anúncio oficial causou desconforto e apreensão no mercado financeiro.
O afastamento de Levy e do secretário-executivo, Murilo Portugal, da equipe econômica trouxe incertezas aos investidores sobre o futuro do programa de ajuste fiscal do governo. A maior preocupação é com o risco de afrouxamento dos gastos. Levy era o principal anteparo dentro da Fazenda das pressões generalizadas para a ampliação das despesas do Orçamento. Representava como ninguém no governo o próprio "rosto" da política de arrocho fiscal adotada pela equipe de Palocci desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Junto com Levy, também deixará o cargo o seu secretário-adjunto, José Antônio Gragnani, que comandava a área do Tesouro responsável pela administração da dívida de mais de R$ 1 trilhão do governo em títulos.
Apesar dos embates públicos, no passado recente, com o novo ministro da Fazenda, Guido Mantega, Levy foi político ontem e preferiu não fazer críticas. Ao contrário, procurou transmitir confiança de que a política fiscal será mantida. Segundo ele, a sua saída agora foi uma "coincidência".