ONG fiscaliza licitações no Brasil
Processos licitatórios estão na mira da organização não governamental (ONG) Observatório Social do Brasil, uma iniciativa que tem dado bons resultados em várias cidades brasileiras. "Um dos nossos trabalhos é o monitoramento das licitações públicas. Compras públicas consomem cerca de 50% do orçamento do município, às vezes até mais", afirma a diretora executiva do programa, Roni Enara.
A conclusão da licitação das linhas de ônibus de Curitiba, prevista para o fim deste mês, pode pesar no bolso dos usuários do sistema de transporte. Cálculos feitos pelo Sindicato dos Trabalhadores em Urbanização do Paraná (Sindiurbano-PR) indicam um encarecimento do preço das passagens, que hoje é de R$ 2,20, em cerca de 30 centavos. Os números foram obtidos com base em cálculos presentes no próprio edital da licitação.
"A tarifa hoje cobre um determinado custo/quilômetro. Na licitação, avaliando outros itens incluídos no edital, faz-se necessário o aumento da tarifa", explica o presidente do sindicato, Valdir Mestriner. O valor só não será mais alto que o atual se os consórcios que estão participando da licitação se dispuserem a trabalhar por um valor abaixo do teto previsto.
A licitação, a primeira na história de Curitiba, feita com 21 anos de atraso, já que desde a Constituição de 1988 era obrigatória, atraiu apenas um consórcio para cada um dos três lotes em que a cidade foi dividida. Todas as empresas que formam os consórcios já atuam em Curitiba ou na região metropolitana.
Cálculo
O cálculo feito pelo Sindiurbano-PR está baseado em dados fornecidos pelo edital relacionados à média mensal de passageiros, à quilometragem da Rede Integrada do Transporte (RIT) e ao custo/quilômetro médio da RIT de cada lote da licitação. Os preços estimados para as passagens variam entre R$ 2,42 e R$ 2,67, de acordo com a região licitada. Isso levaria a uma tarifa única média de cerca de R$ 2,50.
Entretanto, o valor exato a ser cobrado só será conhecido após a finalização do processo licitatório. "O custo (das propostas) só será sabido depois da abertura dos envelopes", afirma o presidente da comissão de licitação da Urbanização de Curitiba (Urbs), Fernando Ghignone.
Reportagens publicadas pela Gazeta do Povo nos últimos meses mostraram que o valor da passagem de ônibus em Curitiba está defasado. A tarifa em agosto de 2009 deveria ser de R$ 2,32 para que a arrecadação fosse equivalente ao custo total do sistema, estimado em cerca de R$ 55 milhões por mês. No entanto, existe a preocupação de que o aumento do preço afaste mais usuários do sistema.
Ghignone afirma que o edital tem como foco a qualidade do transporte coletivo em Curitiba. Para ele, o elevado nível de exigências do processo garante que o sistema melhore depois da finalização da concorrência.
Sem concorrência
Mestriner lamenta o fato de não haver concorrência na licitação. "Quando há concorrência, existe a tendência de os valores diminuírem. Neste caso, podem ter dado apenas um desconto mínimo", afirma. "Quanto mais concorrentes, maior a competitividade, melhor a qualidade do serviço e melhor a proposta de tarifa", reforça o advogado e mestre em Direito Administrativo Rodrigo Pironti.
O advogado não vê ilegalidade no processo por ter atraído poucos interessados. "O fato de ser apenas uma empresa não quer dizer que há problemas com a licitação. Se há preenchimento das exigências, nada vai contra", afirma. Justamente para verificar se não há irregularidades na licitação, desde 5 de fevereiro a Promotoria de Justiça de Proteção ao Patrimônio Público de Curitiba do Ministério Público abriu um inquérito civil para acompanhar o processo.
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